Em Timor, entre o amor e a dor, proclamam os jornais que actualmente “é impossível dizer quem é quem e de que lado está”, até porque o presidente Xanana Gusmão, abrigado nas montanhas, manteve contactos com líderes da força internacional, mas o ministro do Interior, Rogério Lobato, e o chefe da PNTL, Paulo Martins, estão incontactáveis e em local incerto. Já em Lisboa, o ex-vice-presidente da AR e o actual deputado europeu das quatro estações, ambos dirigentes do partido anti-tralha, promoviam um jantar político-universitário-jubilado com a senhora embaixadora de Dili. O país chorava a derrota da Jugoslávia no recente referendo realizado no Montenegro, terra do meu querido Milovan Djilas. Em Timor, entrou em espiral alkatiriana, a ideia de construção do Estado, embora todos os lusíadas esperem que vença a ideia xananista de construção da nação, sem necessidade de advogados petrolíferos contabilizando cadáveres e lendo memórias de Henry Kissinger, porque basta uma conversa com o meu querido Padre Felgueiras, com quem não falo desde os tempos de Cernache, e que bem devia ser ouvido pelos poderes lusitanos, dado que na mentalidade de certos orientais, pretensamente especialistas em oriente, não há convergência, divergência nem emergência da complexidade crescente do bom padre Teilhard de Chardin, mas simples mistura de circo e de intriga, em perpétuo movimento de apoio à canonização de José Maria Escrivá. Prefiro voltar a ler Rui Cinatti ou as recentes reflexões do Professor José Matoso que mantém a sabedoria do silêncio, passeando-se nas ruas de Lisboa. Para mim, ainda há o bem e o mal, segundo o universalismo da concepção do mundo e da vida dos estóicos e dos judaico-cristãos, entre o chamado humanismo laico e o chamado humanismo cristão, sem importação de árvores exóticas que, além de estragarem a paisagem são massas implosivas que provocam incêndios. Porque, do bem e do mal, têm volutas de massa cinzenta, onde a racionalidade finalística da intriga e do circo entra em conflito com a racionalidade axiológica das lealdades básicas.
Mai
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