E os micropoderes já são “powerpolitics”

As notícias sobre um caso de polícia que envolve um antigo líder parlamentar, caso fossem confirmadas pelos factos, representariam um enorme abalo na nossa confiança pública, corroendo a própria democracia. Desejo que a prova da verdade nos livre dessa ameaça. Para bem de todos.

A CPLP anda em bolandas por causa do acordo ortográfico. A Commonwealth prefere alterar as regras de sucessão ao trono britânico. A fim de impedir a preferência pela descendência masculina…São dezasseis Estados que se têm de pôr de acordo…entre eles o Reino Unido, o Canadá, a Austrália e a Nova Zelândia, que teimam nessa da não escolha de presidentes privativos. Pelo menos, o rei, ou a rainha, sempre são comuns!

Já agora, convém recordar que, a partir de 1 de Novembro, Portugal vai presidir durante um mês ao Conselho de Segurança da ONU. Isto é, a diplomacia portuguesa vai ser formalmente o máximo poder mundial! Pode ser que sirva para alguma coisa…

Se, olhando para o nosso umbigo, já há muito descobrimos que a maior parte dos factores de poder já não são intranacionais, convém reparar que, também no tocante à União Europeia, os principais factores de poder já são supra-europeus. Por outras palavras, o poder não é uma coisa, é uma relação. Estratégica. E os micropoderes já são “powerpolitics”. O jogo é planetário. Até vai passar pela reunião do Paraguai.

Espanha está prestes a atingir a barreira dos cinco milhões… de desempregados. Má notícia para os nossos seiscentos mil

Uma boa notícia: Passos Coelho furou o habitual silêncio do “Estado de S. Paulo” sobre Portugal. Referiram a “cúpula bilateral” por causa dos investimentos brasileiros… Até agora, nada disseram do nosso presidente. Eles não percebem essa do presidencialismo bicéfalo. Cúpula só há uma: aquela a que vai Dilma.

A RFA, além de democrática, é federal e pratica o princípio da separação de poderes. Não tem a tradição do estadualismo francês, nem cede perante as circunstâncias excepcionais. Como lá o Tribunal Constitucional é mesmo tribunal, há o primado dos procedimentos do Estado de Direito e a consequente balança de poderes. Porque o essencial de uma democracia não é sabermos quem manda, mas como controlamos os poderes dos que mandam. Tenho inveja.

China já mandou recado à ofensiva de Klaus Regling: querem dinheirinho, nós apenas vendemos; atribuam-nos o estatuto de economia de mercado na OMC; por outras palavras, deixem-se de tantas barreiras proteccionistas!

Nada como uma boa risada, para recuperarmos a seriedade iberista. Gregorio Peces-Barba, ex-presidente parlamentar em Madrid, socialista e reitor da Universidade Carlos III de Madrid, ao confessar-se adepto de Olivares, cometeu uma pequena imprecisão: não reparou que houve 28 anos de guerra entre os restaurados portugueses e o trono de Madrid. E que, por causa desse processo da nossa vontade de sermos independentes, surgiu o Brasil.

Li o último artigo de Vital Moreira no jornal “Público”. E respondi-lhe à letra, em mail que torno público: “Obrigado, meu querido professor, tantas vezes meu adversário. Sou também um produto das suas provocações e quero continuar a aprender consigo. Saudações académicas e coimbrãs”.

Assunção manda adiar, em nome da legalidade e da constitucionalidade, o sacrossanto orçamento. Ministério das finanças lá foi à estante consultar a lei fundamental. Os fins não justificam todos os meios. É o mínimo do Estado de Direito.

No dia em que reabre o Teatro Bolshoi, num hino à Europa lá nas estepes, e quando encerra temporariamente, para visitas ao público, “La Liberté éclairant le mundo”, o caixeiro viajante da União Europeia iniciou um périplo pelo Oriente à procura de fundos. O nosso primeiro foi em sentido contrário, acarinhar, junto de Dilma, uma “aliança estratégica”. E foi muito bem, já mais seguro. Que venham reais!

 

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