Nestas eleições justas e livres, mas onde, infelizmente, manda quem pode, até que desobedeça quem deve. Isto é, nós, os povos de Portugal. Aliás, a teoria dos lugares elegíveis apenas serve para confirmar que os deputados correm o risco de não serem eleitos, mas, simplesmente, nomeados pelos directórios partidários, tornando as eleições mero espectáculo plebiscitário, onde os velhos, novos e pretensamente futuros ministeriais dão sacrificados passeios pela província ao fim-de-semana, depois das tarefas ciclópicas de nomeação, ou de promessa da dita, relativamente aos esforçados “boys” e das “girls”, com intervalos de mergulho tropical e férias na neve. Muitos continuam a julgar que apenas se faz política pela arte da aritmética do rolo compressor, movido a publicidade e da propaganda. Contribuinte é obrigado a consumir e a pagar, directa ou indirectamente. Assim se mantém a circunspecta abstenção dos servidores daquilo que, desde Antero de Quental, se tem qualificado como aliança banco-burocrática, velho mau hábito lusitano que continua a ser seguido pelas gentes do centrão, também dito Bloco Central de interesses. Em Portugal o importante não é ser ministro, ou deputado, é tê-lo sido.