Hermenêutica conciliar, bésculas e obras divinas peninsulares, para que volte D. Sebastião

Perdoem-me, estimados leitores, que este postal não seja escrito em canónico latim vulgar, nem tenha tido prévio “nihil obstat” da Calçada da Palma de Baixo, através das distintas intelectualidades do múnus.  se proclama que o Estado não tem competência para despenalizar crimes que o sejam por natureza, embora se aceite a estatolatria de lhe reconhecer competência para os manter, mandando quea natureza dos polícias, dos tribunais e dos cárceres mantenham aquilo que devia ser apenas julgado pelo tribunal da consciência, nessa ciência dos actos do homem como indivíduo, a que, desde sempre, se chamou moral.  Julgo que o principal problema lusitano está na importação de conceitos iberistas, mas de carácter filipino, tudo por causa dos inúmeros candidatos a Cristóvão de Moura que pululam nas nossas elites, esses que querem servir o filho de Carlos V na Flandres, sem falar nos que não sabem que, afinal, balbuciam as teses de Miguel de Vasconcelos, esse ministro do reino por vontade estranha que foi um dos primeiros teóricos portugueses do conceito bodiniano de soberania. Manuel Alegre dixit. É por isso que me sinto cada vez mais próximo do Manuelinho de Évora, que voltei a mergulhar no visionarismo de D. João de Castro, esse insigne repetidor das teses do sapateiro de Trancoso, e não o das barbas, nesse esoterismo dos mitos lusitanos que nos transformou em guerrilheiros sebastianistas.  Infelizmente apenas temos direito a bésculas sem Garzón, a bêcêpês sem Escrivá e a uma justiça que vai a congressos do PND e a programas de pastéis de nata, sempre em buscas e buscas que não acham nada, nesteenquanto o pau vai e vem, folgam as costas, porque os julgamentos não podem ser feitos com parangonas e fugas ao segredo de justiça. Prefiro continuar a ler o testamento de D. Luís da Cunha , que era magistrado e tudo, mas que se conseguiu libertar do corporativismo e disse a verdade sobre os ambientes dilatórios. O meu sebastianismo aproxima-se cada vez mais daqueles conspiradores que el-rei Junot foi encontrar no miradouro de Santa Catarina e que, em todas as manhãs de nevoeiro, iam olhar a barra do Tejo, não à espera de um rei que efectivamente não morreu, mas antes da esquadra dos aliados britânicos, quando estes ainda não eram amigos de Peniche. Porque, entre o mito e a utopia, há a distância que vai da revolta da Catalunha ao 1º de Dezembro de 1640 e a 28 anos de guerra com Madrid e o Vaticano. Apenas espero que um dos nossos próximos presidentes da república defenda tese numa das universidades do Nordeste brasileiro, sobre o papel dos sebastianistas na revolta dos Canudos, estudando a influência da pomba do Espírito Santo na restauração do Quinto Império, cuja bandeira, conforme as teses do Padre António Vieira, foi asumida pela União Europeia. Continuo a preferir a teoria do poder dos sem poder de mestre Agostinho, que também era templário como o outro a quem chamam borracho. Porque vale mais não dizer se eu não souber soletrar. E por mim prefiro continuar a heresia, para manter a ortodoxia de Aljubarrota e das Cortes de Coimbra de 1385.

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