Sobre o rapto dos professores e a vigília dos ditos

A manhã acordou cinzenta e novembrosa, sem notícias palpitantes, a não ser nos jornais desportivos que comentam a intervenção dos tribunais nos sofás e écrans de um funcionário de um grande clube desportivo, dado que ainda dominam os ecos das novas de ontem, com frases soltas de Santana Lopes e comentários de vários historiadores sobre uma dissertação de doutoramento espanhola que ainda não tiveram oportunidade de ler. Vale-nos que as polícias continuam a fazer buscas à procura de corruptos e lavadores de dinheiro e que nenhum grupo contra a IVG tratou de assaltar uma qualquer universidade para raptar cinquenta catedráticos, como ocorreu no Iraque.

 

Aqui, se tal ocorresse, nenhum ministro mandaria encerrar as escolas, em acto de protesto, para não ver os professores morrer. Bem pelo contrário, um qualquer director-geral do Orçamento agradeceria esse patriótico contributo para a redução do défice, enquanto assessores dos grandes grupos económicos, com pós-graduação em qualquer Meca da estranja, promoveriam um seminário sobre essa vantagem competitiva para o processso de integração no modelo globalizador.

 

Poucos reparam que estas pequenas fotografias do nosso quotidiano hão-de revelar, no futuro, a pequenez mental da presente lógica de merceeiros e mangas de alpaca que, pelos acasos dos corredores do poder, acederam às categorias ministeriais, onde consideram que ter o poder é o mesmo do que ter autoridade, não sabendo que para que esta exista é necessário ser autor e dar exemplo.

 

Quando as ministeriais figuras que nos restam, ouvindo certos assessores da imagem do poder, preferem o falar forte, de cima para baixo, com o ar que aprenderam na militância da extrema-esquer l’igual que les causes de la elevada abstenció. Veurem si entre tots trobem algunes propostes imaginatives.

Joan Roma i Cunill, diputat en funcions al Parlament pel PSC.

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