Mai 22

Quem verbera governantes pratica actos de indisciplina, com irreverente e grave conduta, revelando impossibilidade de adaptação às funções docentes

Tenho muito orgulho em ser funcionário público, ter um “ofício”, ser “vicarium”, estar integrado numa instituição e servir uma ideia. Começo a ter vergonha de estar na função pública deste Estado a que chegámos. E quase todos os dias me apetece ir ao meu aforro e publicar, do meu bolso, um grande anúncio num jornal de grande circulação, pedindo que me dêem emprego para aquilo que sei fazer, longe destas castas capitaleiras e partidocráticas que assaltaram os aparelhos, onde o lastro inquisitorial e pidesco nos asfixia, especialmente com o recente regresso às denunciações de ouvida, com colegas e com chefezinhos a aceitarem as vilanias e a difundirem bufarias. Por hoje não falo no caso do funcionário que fez comentários jocosos sobre o senhor primeiro-ministro. Nem de mais recentes actos de persiganga noutros locais. Nem sequer temo que, do Partido Socialista, tenham desaparecido os liberdadeiros. Esses que andam distraídos com tanta azáfama e nem reparam nos estalinistas não reciclados que se infiltraram nos meandros dessa velha e fundamental casa da resistência à opressão. Eu pensava que tais peças faziam parte do pretérito imperfeito e não do presente incerto que nos asfixia e nos começa a proibir as necessárias saudades de futuro. Os vermes regressaram em força, carimbados com a categoria de especialistas em contra-subversão e análise de informação, reclamando até o legado do tal ministro salazarento e saneador, por interposto ajudante. A democracia dos homens livres vai apodrecendo e não convém que o PS se deixe cabralizar pelos novos zés dos cónegos que nele pedem tachos. Pela Santa Liberdade, pelejar até morrer!