A nova maria da fonte, sem temer e sem cavalo, contra o programa de cortar os dedos para que se confisquem os anéis

Vale-me que, nesta tristeza crescente de um quotidiano cada vez mais cinzento, ainda há aulas e alunos, longe dos corredores da burocracia em regime de providências cautelares e golpadas reformistas. Pena que os alunos saibam que o sistema veiga-simonista e gagueiro, com tantas avaliações e grupos de missão, produziu cerca de meia centena de milhar de licenciados desempregados, neste ambiente de esperança em torno da bolonhesa que vai produzir empregabilidade. O Conselho Superior do Ministério Público marcou uma reunião oficial para ler a entrevista política de Saldanha Sanches. Maria José Morgado não estará presente. Viva a flexi-segurança à portuguesa!… Não reparam os doutos e os becas que, nesta pátria capitaleira e absolutista, com muitos descendentes do marquês, dito déspota iluminado, pintados de democracia, a única coisa que até agora salvou os melhores foi poderem furar o bloqueio da falta de avaliação do mérito, através da emigração, para os ex-impérios e para as Europas das sete partidas. Assim, estacionaram cem milhões no Brasil e outros milhões mais escassos nas outras paragens coloniais, enquanto, nos anos sessenta, lá foram dois milhões a caminho da integração europeia. Agora já nem a salto há válvulas de escape e a panela de pressão vai acumulando vapores de revolta. Espera-se, a qualquer momento, que uma qualquer Maria da Fonte, vestida de “hacker”, proteste contra a cabeleira branca do ministro dos bancos, introduzindo um vírus mortífero nos computadores do ministério das finanças, para que se acabem com todos os registos do IRS e do IVA. Outros patuleias se preparam para, através do “wireless”, produzirem violações no espaço dos tribunais e das polícias. A culpa está em termos os governantes, os deputados e os magistrados que merecemos. A coisa apenas pode ser invertida por uma educação que promova a autonomia dos indivíduos. Quando cada um de nós passar a ser uma república soberana que promova regras que se cumpram, bem longe daqueles pleonasmos e placebos que levam os acusados em processos judiciais a declarar que estão de consciência tranquila. Só através do individualismo moral de cada um ser autonomia e centro do mundo poderemos esperar que regresse a meritocracia e as escolas de formação de elites, dotadas de adequada “ratio studiorum”. Ai das falsas reformas dos amanhas que cantem que não passem de fraudes educativas, ao serviço de um programa oculto de diminuição do défice que decidiu cortar os dedos para poderem ficar com os anéis.

 

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