Confesso que voltei a fazer greve

Tal como aconteceu em Janeiro de 2004, volto a proclamar: confesso que fiz greve. Continuo como insindicalizável, liberal e de direita, mas opto por reagir contra esse símbolo do poder que é a ex-sindicalista e directora-regional de educação do norte e todos os restantes repetidores do domínio burocrático do ninguém. Repito o que, sobre a greve de 2004, escrevi: O que nos falta é uma adequada cultura de Estado de Direito, capaz de eliminar, pela raiz, os “tumores” dos micro-autoritarismos ministeriais, secretariais e sub-estatais, onde inúmeros bonzos, ministeriais e autárquicos … continuam o absolutismo, dizendo que tem valor de lei tudo aquilo quanto vociferam, sob o nome de ordens, e não estando dependentes da ordem geral e abstracta que dão aos subordinados. O que faz falta, não é animar a malta, é um pedacinho de patriotismo científico. Assinei o livrinho de termos, autorizando o registo nominativo do meu acto de greve, apesar de o considerar inconstitucional. Reparei que alguns colegas muito à esquerda não aderiram, uns por razões financeiras e outros com a pilática desculpa de hoje não terem aulas. E lá tive que dizer a um ilustre situacionista que assumia, em coerência, a minha atitude, repetindo o fiz em 2004 com um governo de não-esquerda. Cá para dentro de mim, apenas recordei que, além de ter sido um activista de comissões de trabalhadores anti-PCP, lá em 1976, também fui, na época, candidato à direcção do primeiro sindicato da função pública e fundador de um sindicato da UGT que ainda hoje mexe e que, aliás, me convidou para participar num seminário no próximo mês de Outubro. O tipo que me verberou, ilustre PS de hoje, andava então pela UDP… O senhor ministro das finanças ganhou o gosto pelo microfone e pelo palco mediático. Comentou a greve, à boa maneira de um capataz do patrão Estado, mas não deixou de dizer que a culpa pela exigência de dados nominais sobre os grevistas, bem como a obrigação de comunicação fiscal das doações entre familiares cabe exclusivamente aos serviços da sua administração directa, isto é, à sua direcção-geral não sei quantos, que tem o director-geral em dias de fim e que, portanto, até pode ser diabolizado por quem há pouco tempo o santificava. Pilatos não faria melhor discurso. Aliás, essa “pura iniciativa da administração” não iliba o ministro que é o responsável directo por essa mesma administração, para as coisas boas e para as coisas más. Mesmo depois de, há meses, o próprio primeiro-ministro ser interpelado directamente sobre uma dessas matérias na televisão, negando o que afinal existia.

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