Nov 28

Eu, abrileiro, me confesso…

Um amigo, da velha esquerda liberdadeira, enviou-me a Carta aos Puros de Vinicius de Moraes, escrita na década de cinquenta do século XX. Olhei-me ao espelho da geração abrileira a que pertenço, onde uma certa esquerda lutava contra uma certa tirania, e uma certa direita contra uma indefinida tirania, ambas coincidindo no estilo. E tudo na complexidade de um processso que foi de antes e de após o 25 de Abril, mesmo quando os irmãos em disputa alinhavam em campos concorrencialmente adversários.  Hoje, essas tiranias desvaneceram-se e, consequentemente, as esquerdas e as direitas, que viviam no encantamento das causas, ficaram desempregadas, como se tivessem descoberto a Índia, sem direito a visita à Ilha dos Amores. Porque venceram os tais agentes infra-estruturais do poder banco-burocrático e do totalitarismo doce, assente na vontade de servidão. Aliás muitos dos mais ruidosos abrileiros, armados em saudosistas da revolução perdida, não percebem que os respectivos opositores, também abrileiros, mas do anti-PREC, como eu, são tão ou mais anti-tiranias do que eles.  Acresce que qualquer dos filhos e netos desses abrileiros, olhando o retrato mental dos pais, não consegue distinguir tais irmãos-adversários. Tal como eles e todos nós não percebem as oposições que marcavam os almeidistas e os afonsistas, da I República, ou os progressistas e regeneradores, do rotativismo. Obrigado, Paulo, pela lembrança! Lutemos contra o desemprego! Navegar é preciso, sobreviver não é preciso…

Nov 28

A noção de Estado Exíguo não depende do tamanho. Depende da vontade.

Acima de nós, estão cerca de quinze Estados mais pequenos, em termos de dois elementos da massa crítica (população e território). Também mais de uma dezena de entidades políticas que estão acima de nós se integram no bloco que optou por modelos de descentralização, regionalização ou federação. A maioria absoluta dos que nos superam tem tido governações que não obedecem ao gnosticismo socialista e social-democrata, demonstrando como as chamadas direitas e as chamadas esquerdas, mais liberais e mais conservadoras do que deve ser, incluindo estruturas ainda medievais, em termos constitucionais, têm produzido melhores resultados em termos de desenvolvimento humano, com mais justiça e mais felicidade. De boas intenções discursivas, está o inferno progressista cheio… Continua a não ser por acaso que a maioria dos últimos colocados na classificação do PNUD passou por experiências de partido único, de autoritarismo e de totalitarismo, muitos dos quais muito à esquerda, muito socialistas e muito estatistas, vivendo as amarguras pós-autoritárias e pós-totalitárias, em cleptocracia, bandocracia e senhores da guerra. Não será a altura de alguns “gurus” mudarem o discurso, pondo os pés na realidade? A noção de Estado Exíguo não depende do tamanho. Depende da vontade.