Tentem provocar as vacas sagradas do discurso de justificação geracional que sustenta o situacionismo e que foi transformado em programa do novo livro único do construtivismo… quem se mete com quem diz ter o monopólio da utopia leva logo uma carga de adjectivação diabólica. Uma das maiores hipocrisias da política é a do neodogmatismo que se proclama antidogmático, como aquele dos preconceitos de esquerda que malham nos fantasmas de direita, da direita que diz ser da esquerda moderna e dos libertinos que se benzem e vão à missinha. Prefiro continuar radical do centro… excêntrica e dizer-me de direita para irritar os situacionistas que se dizem de esquerda…
Ai de quem não se olha ao espelho, quem assim não especula, fazendo, pelo menos a necessária genealogia das falsas ideias feitas que marcam o respectivo discurso. Pode acabar a confundir o reformismo com encomendas feitas às consultadorias permanecentes que nos afundam em relatórios sempre prefaciados por falsos tecnocratas, como aquele que gostaria de ter sido o Diogo Freitas do Amaral de Sócrates, mas acabou por frustrar-se porque o original se lhe antecipou.
Com efeito, há uma pretensa direita que sempre foi conveniente para a esquerda instalada, mas que acabou por contaminar esta última, quando ela caiu na esparrela dos governos de esquerda com temperamento de direita. E há uma direita que, depois de rigorosamente enclausurada nas malhas que o império do cavaquistão lhe teceu, acabou por ficar repartida em sucessivas personalizações do poder. Daí que Portas reclame, justamente, 5% do eleitorado, para que a Teggy vá para vice-presidente do parlamento, enquanto Santana se veja com o dobro do mesmo eleitorado, dentro da sua quinta de quotas que mete sempre o que ele diz serem os monárquicos, junto com quem ele decreta como os ecologistas.
Quanto mais o PS e o PSD se transformam em empatas, nos domínios da sondajocracia, mais entram no rasga-não-rasga do mais do mesmo…Políticos que perdem o sentido do risco já eram. Só a complexidade crescente de aventura e de pragmatismo nos pode dar futuro. De outra maneira, o PS de socrateiros, cravinhos, alegreiros e outros náufragos corre o risco de ficar em primeiro, mesmo sem maioria absoluta. Política precisa-se: isto é, aventura e pragmatismo e não o mais do mesmo do rasga-não-rasga à espera da consultadoria e da sondagem.
PS: Galeria dos afundadores do regime. Como lá não consta o melhor ministro da educação de Abril, confirmo que valeu a pena homenagear ontem o Mário Sottomayor Cardia. Ele até me mostrou o plano que estava a preparar para a reforma do ensino da matemática que não chegou a emitir.