Jul 08

O Tribunal que vigia pelo cumprimento do dito Tratado de Lisboa condenou-nos

O poder judicial da cooperativa multinacional a que nos vinculámos já decidiu conforme a teoria da pescada, o que antes de o ser já o era. Era tão óbvio que qualquer porreiro-pá também o previu. Logo, racionalmente, meditando, tenho de concluir que o nosso máximo decisor apenas anda à procura de factos negociais para um compromisso…

Resta saber se a teoria da pescada, quanto ao negócio maior ainda é susceptível de pesca, atendendo ao auto-desmantelamento da frota a que nos dedicámos com sucessivas implosões de navios e barcos destes últimos dias…

A invocação patriotorreca a que certos sectores se dedicaram, incluindo os que me acusaram de antipatriótico por ser tão iberista quanto Antero, Torga, Pessoa ou até Saramago, é directamente proporcional ao europeísmo dos que ao primeiro tiro rasgaram logo a bandeira das doze estrelas, que, sem ser por acaso, era a do Padre António Vieira para o devido Quinto Império que subscrevo!

Uma das soluções para a crise era a do sonho indisciplinador de Agostinho da Silva: pedirmos a inclusão na república federativa do Brasil e criarmos em Olivença uma universidade comum. Nós que resistimos a Castela, em nome das Espanhas e de Portugal, devimos acirrar nossas plurais pertenças, lusófonas e ibéricas. Até essa foi a última mensagem de mestre Gilberto Freyre…

Por outras palavras negociais, só depois de termos feito um compromisso com o Brasil, e com Angola, é que podemos concluir um acordo com Madrid. O capital não tem pátria, mas quem o instrumentaliza em nome do bem maior que é a política, tem que ter o sonho do Portugal universal e conjugar o abraço armilar!

O Tribunal que vigia pelo cumprimento do dito Tratado de Lisboa condenou-nos por causa dessa invenção neoliberal dos anos oitenta, dita “golden share”. É tão engraçado ver os socialistas agarrados a essa cláusula “neolib” e “neocon”!… Eu que sou dos liberais sem néon, apenas chamo a atenção para a circunstância de, por tal coisa, terem sido accionados outros Estados europeus, mas dos grandões…

A megalomania, ao provocar altas expectativas, costuma gerar mais altas frustrações. Espero que a procura da condenação, a que nos sujeitámos, tenha sido mera táctica, dentro de uma estratégia negocial. Se, com o desabrochar do fruto, verificarmos que apenas navegámos à bolina, temos de concluir que quem o provocou é irresponsável. Esperemos pelo fim de um bom negócio!

Jogarmos com a dignidade de uma nação, como Luís Filipe Vieira e Pinto da Costa brincam com os passes dos jogadores transaccionáveis na época do defeso, pode ser grave se não estivermos acautelados com uma boa cláusula de rescisão!

Jul 07

Alegre e Nobre surgem por causa do não de Sampaio a uma recandidatura

Sampaio, de forma indirecta, ao dizer que ficaria surpreendido se Cavaco não se recandidatasse, veio assim confirmar que não se recandidatou porque nunca se recandidataria contra uma recandidatura de um actual presidente que institucionalmente respeita. Por outras palavras, Alegre e Nobre surgem por causa do não de Sampaio a uma recandidatura.

Depois de longos comentários do provedor das agências de viagens, por acaso deputado do PS, vem agora o provedor do trabalho temporário, também do PS, isto é, do partido dos provedores, proclamar que o líder da oposição está contra os interesses nacionais, porque se ajoelha em Madrid… O apelo de Sampaio para os compromissos resultou em cheio!

A pedido da comissão comemorativa do centenário da tal coisa pública, como se antes não houvesse democracia nem república, a final do campeonato do mundo de futebol vai ser entre duas realezas que o voltaram a ser depois de terem experimentado a forma não monárquica de chefia do Estado…

Jul 06

É um simpático pedaço do passado onde, como notário da república, não há nada para odiar…

Essas comparações históricas retrospectivas, nomeadamente com esse episódio da guerra dos Cem Anos, onde se inseriu Aljubarrota, não reparam, muitas vezes, como os portugueses que estiveram ao lado do rei de Castela contra o Mestre, serviam o contrato imposto pelo rei D. Fernando no Pacto de Salvaterra. Isto é, serviam os superiores interesses do Estado contra os rebeldes…

Aljubarrota não foi Portugal contra a Espanha. Foi a nova legitimidade da futura segunda dinastia, desencadeada pelos burgueses de Lisboa contra a feudalidade da formal rainda de Portugal, D. Beatriz, casada com o rei de Castela e com muitos do Portugal antigo ao lado. Sou pelos rebeldes, mas não sou parvo. O nosso exército só venceu porque integrava ingleses com direito a “pum”, a artilharia…

Jogámos na balança da Europa de então, escolhendo aliados, contra os adversários que integravam adversários cá de dentro. “Ficai sabendo que, entre os portugueses, alguns traidores houve algumas vezes”. Cito Camões, de cor… E acrescento que a designação de traidor só acontece se os que se levantarem contra os traidores vencerem…

Miguel de Vasconcelos também era formalmente um legítimo gestor dos negócios públicos antes de 1 de Dezembro de 1640. Tal como o conde de Andeiro, antes da revolta dos capitalistas e negociantes de Lisboa, comandados por Álvaro Pais…

2010 não é 1385 nem 1640, muito menos 1890, apesar do ambiente de Ultimato. Ainda não cantámos “A Portuguesa”. Temos Zé Manel em Bruxelas como governador e a mania das companhias majestáticas. Era melhor não haver estrondo, não nos compararmos com os grandes Estados e potências e não sofrermos com as teorizações do Estado Exíguo, julgando que ainda pode haver um imenso império colonial…

Estrategicamente, as principais potencialidades aparentes, as grandes empresas de regime, podem ser as principais vulnerabilidades. São zonas do poder do estadão mais apetecidas para ocupações e OPAs. Nunca as devíamos ter deixado crescer em concentracionarismo de recursos públicos…

Empresas de grande dimensão e até mesmo multinacionais, devemos ter ambição em criá-las, mas seguindo exemplo de Estados com a nossa dimensão: em parceria estratégica. Até com Espanha, se coincidirmos em interesses e salvaguardarmos a honra. 2010 não é 1640 nem 1383-1385. Aprendamos com holandeses, helvéticos e catalães. Tenhamos juízo!

E lá se foram nossas vuvuzelas e aqueles comentadores que falavam na crise do futebol europeu. O campeão mundial vai ser da União Europeia. Torço pelas Províncias Unidas e desejo que a Espanha chegue à final…Viva a Rainha! Viva o Rei! E saudações ao Uruguai que teve deputados nas nossas Cortes Vintistas… memória da colónia do Sacramento e de D. João VI!

Lá vou ouvindo Sampaio…É um simpático pedaço do passado onde, como notário da república, não há nada para odiar…Declara que está ali para não dizer nada, apesar de exercitar um ensaio de consulta psiquiátrica, a fim de “dramatizar” a necessidade de um compromisso que vá além das forças parlamentares…

Sampaio diz que quando foi presidente teve crises igualmente graves, como a das vacas loucas. Agora, regista, em todo lado há paredes e que se dissesse alguma coisa, todos os holofotes da comunidade internacional o podiam tresler…

Jul 05

A gerontocracia dominante, com os seus ausentes-presentes em conspiração permanente

Tenho de confessar que vi e ouvi, ontem, Marcelo RS. Notável, embora em discordância com a minha postura liberal. Ao contrário de outro cristiano, não procurou nenhuma barriga de aluguer e soube dar à luz uma teoria social-democrata do mesmo que se perca no tribunal europeu valeu a pena usar a moca…mais perto de Fafe que de Rio Maior.

Os eurocratas já não são porreiros, pá! Não são sociais-democratas como o “hermano Zapatero” nem sociais-cristãos como a prima Merkl! Foram assaltados pelo demónio ultraliberal, como eu aprendi com o BSS e são agora amiguinhos do Ricardo, da Ongoing e da Visabeira. Vou mas é telefonar para a Isabel dos Santos!

O estado a que chegámos, do faça férias cá dentro, é o presente modelo da governança. O tal que, como nalguns processos da melhor justiça da Europa, nunca será julgado, mas prescreverá, e de prescrição extintitiva, de forma directamente proporcional a formas de usucapião de alguns de seus filhos dilectos…

A. Nogueira Leite declara que estamos entalados entre “o socratismo orwelliano e o leninismo de sacristia dos belgas”. Prefiro qualificar o primeiro como “kafkiano de vuvuzela” e os segundos como “catolaicos da congregação do super-Estado”. Em nome dos descendentes de Carlos V e Filipe II, ou de D. Beatriz e do Pacto de Salvaterra, nunca vi o Cristóvão de Moura engalfinhar-se com o Miguel de Vasconcelos…

Crise é quando não sabemos para onde caminhar, recusando olhar para dentro… Estamos farto do crescer quantitativo, dito para cima segundo o método quantitativo, onde só existe aquilo que consegue medir-se pela ciência da medição vigente, a que não vê à frente do palácio, mas que, por preconceito ideológico, herdeiro do despotismo iluminado, decreta ter o monopólio do verdadeiramente cientifico…

O conceito de progresso é o que mais reaccionário tem a modernidade e a pós-modernidade, porque o moderno é como a moda e só é moda aquilo que passa de moda…

Quando uma pretensa “Realpolitik” nos visualiza de forma mercantilista, esgotando os poderes políticos em uma ou duas companhias majestáticas, ficamos reduzido a exiguidade de quem dá combate num campo aberto face a forças adversas de maiores poderes…prefiro lutar sem estadão…

Um reino como o dos Países Baixos, que até tem multinacionais, reparte os centros de decisão nacionais com outras potência. Sabe submeter-se para sobreviver, porque quer lutar para continuar a viver…

Uma república como a Confederação Helvética não padece de capitaleirismo nem de ministerialismo e não invoca exemplos de “golden share” da França, da Espanha ou da Alemanha. E não me parece que padeça de exiguidade…

O mal do estadão em Portugal continua a ser o da mania das grandezas, dito megalomania…E, na prática, a teoria continua a ser outra… Dessas boas intenções, continua o inferno cheio…

Os defensores do nacional-capitalismo querem continuar a nacionalizar os lucros e privatizar os prejuízos. Isto é, querem um capitalismo socialista de Estado, desde que a espada do poder por eles seja manipulada, sem que haja balança.

Os nacionais-capitalistas preferem o neofeudalismo patrimonialista ao racional-normativo e nem sequer sabem do que é axiológico. Quando lhes falam de honra puxam logo do livro de cheques…Enquanto não houver uma crítica liberal a estes capitaleiros salazarentos nem sequer poderá haver verdadeiros socialistas…
Desabafos de um liberal ao vivo, em noite de Verão, antes do aumento dos impostos e da diminuição do vencimento
a(b) José Adelino Maltez • Dies Iovis, Iulius 1, 2010, 9:14am

O dia começa com menos sol, menos vencimento e mais impostos. O deputado Ricardo ainda não discursou. O banqueiro Ricardo deu conferência de imprensa e confirmou a velha tese pouco anarquista: vendam-se os anéis, para ficarem os dedos! Ainda podemos lambê-los, antes de uma OPA os desenroscar… Aí é que, em vez de restos, teríamos de lamber feridas dos decepados. Mas sempre há belos cirurgiões para as plásticas da propaganda!
Mas o país que resta, mesmo o da blogosfera, parece que já não compreende o riso. Até nem sabe que a ironia “consiste em dizer as coisas que declaramos não dizer, ou então dizê-las com palavras que afirmam o contrário do que queremos exprimir”…
Confirma-se que somos definitivamente o país do catolicismo laico, dessa mistura de Auguste Comte com releituras tardias de São Tomás de Aquino, conforme a proposta salvífica do ex-anarquista e ex-republicano Alfredo Pimenta, quando pensava tornar-se no ideólogo do salazarismo. Muitos, de tanto se terem impregnado de fórmulas de Marx, nem reparam que, quando o abandonaram, voltaram ao mais vérmico lastro dos positivismos e dos utilitarismos. O nosso mal é, sobretudo, de subsolos filosóficos mal digeridos…
“Quando o governo fala está a interpretar os interesses do país, os interesses nacionais”. De Sousa o disse. Toma!
Crise, o que é? É quando o normal é haver anormais…
“Não deixarei que ninguém ponha sobre quem é mais caro as responsabilidades de uma equipa”. A culpa é sempre do simão…”. Confirmam-no “seis ilustres juristas”, tão independentes que até parecerizaram “pro bono”…
Ilustres senhores! Crise é transformar os superiores interesses do país e os interesses nacionais em taxímetro… Vale-nos o PGR, que comanda a única parecerística verdadeiramente independente, de acordo com os princípios constitucionais! A nossa justiça que é a melhor da Europa continua a jogar para o empate…
A trapalhada pode sair muito cara para os senhores contribuintes. E quando ela se enreda em plural, pode acontecer um verão de acentuado arrefecimento nocturno, sem quem nos possa desatrapalhar… Só uma consciência cívica reanimada pode pôr os bois à frente do carro. Desapertem-lhe a canga!
Já não há costas, apenas lombo. Os bois são apontados pela poesia lusitana como símbolo do povo que trabalha…às vezes marram.
Lá vejo De Sousa em imagem na TV: não me parece que tal “carificação” (de “cara”) dos interesses nacionais seja marcada por uma necessária credibilidade que inspire confiança. Quem se gasta pelo abuso da propaganda pode tornar-se pólvora ressequida, com muito fumo e pouco fogo. Só Alegre lhe reconhece interesse estratégico para a economia portuguesa. E o CDS mostra como essa do liberal, só a retalho…
Raciocinemos ideologicamente: Sócrates é socialista porque intervencionou em nome do socialismo; para defender uma intervenção capitalista em uma empresa de regime no âmbito de uma empresa num Estado estrangeiro; logo, como a serpente pode devorar a própria cauda, eis que Lula, se for das gigantes, como o dragão, pode ser consequente com o mesmo socialismo e intervencionar a Vivo…
Se Lula for tão proteccionista como Sócrates, teremos de concluir que valia mais a solidariedade ideológica do camarada Zapatero e a lealdade dos amigos ricardos. Bastava ler Marx e concluir que o capital não tem pátria…
Louvo o PCP pela coerência ideológica: “nacionalizemos” a PT para ela ser “nossa”. E compreendo que não saiba fazer contas, nomeadamente sobre quanto desembolsámos com os homens sem sono da noite de 11 de Março de 1975. O contribuinte pagou tudo ao tostão, com juros e favores. Ainda não nos explicaram esse dispêndio da pesada herança…
E com pena, confirmo que o CDS permanece fiel ao velho socialismo catedrático do Estado Velho bismarckiano, actualizado por António de Oliveira, mas revisto e corrigido pela nacionalização dos prejuízos e pela privatização dos lucros… Um verdadeiro portucalense convicto da necessidade de submarinos, sem dúvida! Sem dúvida quanto aos financiamentos, acrescento. Nada reteve da bela tradução que fez de Michael Novak…voltou ao ritmo do corporativismo antiliberal de Leão XIII…
Também sugiro que o Bloco de Esquerda, através do guru portalegrense BSS, exporte a doutrina para a Dilma, para que a Vivo seja nacionalizada, deles. Nós podemos ficar apenas com a Isabel Santos…
Entretanto, pela madrugada, triste e não leda, Queiroz regressa e diz que não se demite, porque pode usar a “golden share” da cláusula indemnizatória. Há outros que, mesmo antes de demitidos, continuam a marcar golos na própria baliza, mas com outras cláusulas que servem de pretexto ao Madaíl para encanar a perna à rã…
Diz também o DN que o número dois de Pinto Monteiro já atingiu a idade da reforma. E que a Lei que lhe permitirá manter-se no cargo ainda não foi aprovada. Não diz de muitos outros nas mesmas circunstâncias com muitas outras leis especiais. Todos os anos fazem setenta anos, mas ninguém lhes diz a verdade…
A gerontocracia dominante, com os seus ausentes-presentes em conspiração permanente de avós e netos, transformaram o Portugal que resta em anedótico regime de viagra verde-vermelho, só explicável pela acumulação de reformas e aposentações, com leis especiais para quem gosta de carro preto com motorista, secretária de pau preto e secretária de carne com teclas…
PS: A do espírito devia ser branca e andar a voar à procura de víveres. O miau, cor-de-rosa. Só a coleira pode acabar por ser certa. Desde que seja desparasitária. A relva tem a ver com o porta-voz. Já as árvores morriam de pé…

Jul 03

Sou liberal, mas não sou parvo!

Fim de semana é quando a caixa de correio electrónica não se enche com emissões de regulamentos, fichas, grelhas e requerimentos com que os burocratas nos entopem, justificando o aparelhismo do poder pelo poder, seja qual for o sinal pavloviano do poder que os ensaliva…

O correio electrónico, para desgosto da minha cachorra, ainda não consegue que o “spam” do estadão posto na net tenha o destino reciclador e ambientalista de mais de metade do “espesso” e das páginas de anúncios dos diários do Ti Oliveira …

Enquanto vamos devorando parangonas “patrióticas”, a casta bancoburocrática, que nos devoriza e instrumentaliza, lá continua a negociar nos bastidores. Sou liberal, mas não sou parvo!

Programa urgente: Libertar o indivíduo do colectivismo moral das seitas que nos escravizam. Comunitarizar as sociedades. Restaurar a república. Refundar o sonho de Portugal. E firmar um novo pacto social, pela democracia, contra o sistema partidocrático e bancoburocrático que nos asfixia.

Pela humildade de cada um dos partidos. Por um presidente que não tenha medo de rupturas e que use a palavra como acção. Por um povo que se autodiscipline. Por perder o medo de ter medo. Para voltarmos ser de antes quebrar que torcer. Com aventura e pragmatismo!

Jul 02

Ser liberal é ser pela aventura do risco

Há quem suponha que com banha da cobra se pode resistir ao vil metal e alguns capatazes da velha fazenda ainda dizem que só as quintarolas exíguas é que não defendem a murro a herança do ainda vamos ser um imenso império colonial…

O abstracto mercado, que nenhum empresário alguma vez apalpou, nem para um liberal está acima do ainda mais abstracto Estado, porque este é concreto quando nos vai ao bolso e nada tem a ver com a metafísica curandeira daqueles que dizem ter contactos imediatos de primeiro grau com os superiores interesses do país…

Os “eus” são uma emanação das “circunstâncias”. Por enquanto, apenas há sementeira de resistência espiritual, onde pode haver quem seja quebrado, mas não torça por dentro

Ser liberal é ser pela aventura do risco, mas com o pragmatismo dos pés no chão, reconhecendo que Estado sem força é impotência que não pode ser colmatada pela propaganda, pela demagogia ou pela ideologia. Política tem de ser sonho servido pela arte do possível…

Para cumprirmos as regras deste jogo da globalização e da hierarquia das potências temos de submeter-nos para sobreviver, para continuarmos a lutar para vivermos com a vontade de sermos independentes. Ninguém mete o Rossio do Tratado de Lisboa na betesga dos jurisconsultos de rabo pelado, alimentados pela parecerística…

Quando ex-europeístas convictos se deixam enredar nas teias argumentativas de certo ressequido corporativismo de estadão, ai da patronagem e da empregadaem deste socialismo de consumo que cai no mais dos caricaturais dos proteccionismos do “a Vivo é nossa, a PT é nossa, nossa, nossa…”

Quanto mais é a mania do cientismo progressista, maior pode ser o charlatanismo ocultista. Prefiro os que não perderam o sentido do sonho e continuam a sublime aventura poética e espiritual de olhar as estrelas do transcendente com os pés no lodo da existência…

Ai de quem justifica o paradoxo com o catecismo de seita …
Fiquei a saber que faço parte da “nova religiosidade de mana-tabu da cristandade gnóstica do progressismo libertário”. Mas a crítica é profunda e merece divulgação. Obrigado!

Cavaco, Santana Lopes e Manuel Alegre acabaram de inscrever-se retoricamente no partido de Bava/Granadeiro. Assim se confirma como as empresas de regime não foram uma invenção de Sócrates… Por mim, prefiro a clarividência de Belmiro de Azevedo, embora não tenha os respectivos interesses…

Jul 01

arbitrariedade provinciana

Queiroz regressa e diz que não se demite, porque pode usar a “golden share” da cláusula indemnizatória. Há outros que mesmo antes de serem demitidos continuam a marcar golos na própria baliza, mas com outras cláusulas que servem de pretexto ao Madaíl para encanar a perna à rã…

Diz o DN que o número dois de Pinto Monteiro já atingiu a idade da reforma. E que a Lei que lhe permitirá manter-se no cargo ainda não foi aprovada. Não dizem de muitos outros nas mesmas circunstâncias com muitas outras leis especiais. Todos os anos fazem setenta anos, mas ninguém lhes diz a verdade…

A gerontocracia dominante, com os seus ausentes-presentes em conspiração permanente de avós e netos, transformam-nos em anedótico regime de viagra verde-vermelho, só explicável pela acumulação de reformas, aposentações e leis especiais para quem gosta de carro preto com motorista, secretária de pau preto e secretária de carne com teclas…

Nosso Portugalório, com a tradicional doença da hiper-identidade (Eduardo Lourenço dixit), quando entra em crise e reconhece o permanecente da decadência, logo procura, na noite dos séculos, a causa da coisa e entra em sucessivas disputas pouco conimbricenses sobre a genealogia de quem nos fez deixar de ser…

Há os que discutem o regicídio: só a tiro, dizem aqueles a quem falta a esperança dos desesperados e nos lixaram, com o rei sublimado em Sidónio e João Franco “travestido” de Salazar. Por mim, que desembarcaria no Mindelo, prefiro um Viva D. Maria II, que se houvesse ginecologia cuidada, ainda poderia estar viva em 1910…

Porque Salazar, que nos engessou a perna partida do défice, manteve as talas por décadas quando a perna já estava curada (Agostinho da Silva dixit). Ainda por cima, porque detestava correntes de ar, optou por nos fechar as janelas e as portas à livre circulação.

Até chegam a D. António, que era prior, mas não patriarca, não foi contra os castelhanos, foi contra o filho daquele belga, casado com uma portuguesa, que acumulava coroas de quase tudo o que havia de ser CEE. Caiu na rasteira dos franceses e, não seguindo o conselho do comandante do porto de Setúbal, avoengo de D. Luís da Cunha, cometeu a patetice de não se instalar no Brasil…

A culpa é mesmo de D. António que fugiu para Paris, tal como o último rei para a protecção britânica. Só a italiana avó deste último, a quem chamavam louca, é que protestou… porque esta, se fosse para a Rotunda, até o Machado Santos lhe obedeceria!

Sou por D. Maria Pia que quando foi a Roma com o filho Carlos, até teve uma recusa do papa quanto a uma recepção? Ela não era descendente daquele a quem chamaram VERDI (viva el-rei de Itália)? E Bragança com Sabóia deu Carlos…que o Herédia, por engano, desfez na esquina… Também acabou na Leva da Morte, ao descer para o Cais do Sodré…

Foi esse avô tirano que nos deus filhos de feitio oposto, do pai Mário dos desperdícios bochechais do distributivismo, aos tios ginasticados que continuaram o forrobodó, consertando as cercas e alcatroando os caminhos. Agora, os netos têm de pagar as dívidas e já não têm horta que lhes dê víveres…

O que é bom para a PT seria bom para o Estadão se por cá houvesse Pentágono. Quem não tem poderes, caça com pegas de cernelha, porque rabejadores sem pega de caras dá raia…

A voz da “City”, o “Finantial Times” fala em “estupidez colonial” a este uso da “golden share”. Se o ferro matasse o bicho, ainda valeria a pena cantar o “contra os bretões, marchar, marchar”… Prefiro reler o Tratado dito de Lisboa e reparar em quem diz “a Europa será federal, ou não será…”

No “El País”, a mesma coisa é qualificada como “arbitrariedade provinciana”. Concordo com a padeira de Aljubarrota, mas se a pá os levasse mesmo. Sempre prefiro o Caramuru…

De Sousa foi ao lançamento do livro daquela que nomeou para sucessora de Machete na gestão de fundos do amigo americano. A Alçada ficou com as orelhas a arder, quando o primeiro definiu coragem como não ceder às corporações. Isto é, à FENPROF, depois da audiência que a mesma teve em Belém. Soares lá foi, lançar novo barquito de papel…