Ago 24

“Http://www.iscsp.utl.pt/cepp” foi declarado de volta! E outras voltas do canto do cisne e do assobio dos camarões…

Eram 22 horas e 39 minutos de ontem quando começou a reposição no servidor de iscsp.utl.pt os arquivos do CEPP que, assim, voltam a poder ser consultados: http://www.iscsp.utl.pt/cepp. Agradeço à blogosfera o apoio recebido nesta luta. Agradeço também à imprensa que fez eco de alguma coisa que me ultrapassa. Informo que, desde 2003, o arquivo em causa não mais teve a hipótese de ser actualizado pela equipa que o concebeu e realizou, não apenas com zelo profissional, mas também com o afecto das coisas que se amam.

Infelizmente, apesar de já surgir o portal do arquivo, os milhares de ficheiros que o sustentam continuam por encontrar, perdidos nos “missing links”. Estão apenas visualizáveis meia dúzia de pastas, tentando tapar-se o sol com a peneira. Espero apenas que não tenham feito “delete” e que estejam amargurados nas andanças do “undelete”, porque o vazio continua e de boas intenções está o inferno do apagão bem cheio…

Por enquanto as firmes competências que produziram o apagão não parecem capazes de reposição dos 183 MB, temendo eu que a gestão em causa tenham corrompido toda a base… esperemos que não!

Infelizmente, o processo do apagão vai continuar. No dia em que a Presidência da República promulgava o novo RJIES, um presidente do conselho directivo emitia uma nota onde as minhas actuações sobre a questão eram decretadas como gravissimamente lesivas para o bom nome e imagem do ISCSP e de pessoas que nele ou para ele trabalham, pelo que anunciava: desde já vos anuncio que vou propor ao Conselho Directivo na sua próxima sessão a abertura de um inquérito, destinado a apurar os factos e as correspondentes consequências disciplinares.

Como toda a universidade pode calcular, saúdo, com toda a veemência da liberdade de expressão, a instauração de tal inquérito que, aliás, já tinha sido, há meses, por mim solicitado em pleno Conselho Científico e que ficou em veto de gaveta. Sugiro, aliás, que o mesmo possa ser levado a cabo por uma entidade independente, nomeadamente a Procuradoria-Geral da República, recorrendo a peritos que saibam distinguir um “mail” de um “weblog”, ou uma página oficial de um servidor. A primeira entidade a que comuniquei este apagão foi a toda a comunidade dos docentes da escola, antes de remeter toda a informação que tinha sobre a matéria ao meu reitor.

O normal anormal deste domínio perpétuo do acaso que marca domínio do ninguém de certa burocracia, onde, para parafrasear Jorge Coelho, a culpa costuma morrer solteira, não me espanta. No meu currículo profissional já me deparei com situações paralelas: nos anos da brasa de 1976-1977, quando era membro de uma comissão de trabalhadores do ministério do comércio, obriguei a que o ministro tivesse emitido nota oficiosa proibindo que os funcionários prestassem declarações públicas sobre matérias de cabaz de compras, mas continuei a escrever nos jornais e até qualifiquei como mentiras, declarações do primeiro-ministro. Não consta que o mesmo me tenha processado.

Alguns anos depois, quando era dirigente da administração pública agrícola, um secretário-geral decidiu tirar da tipografia um prefácio meu à reedição do projecto de lei de fomento rural de Joaquim Pedro de Oliveira Martins. Imediatamente o reeditei à minha custa. E logo me candidatei a deputado contra o próprio ministro no mesmo distrito eleitoral. O tal ministro em causa também me renomeou director de serviços, mas, no dia seguinte, pedi a demissão e fui servir outra direcção pública, mas com a compressão das competências tive tempo para frequentar o curso de defesa nacional e concluir a redacção da minha dissertação de doutoramento.

Só uma vez me lembra de ter sido punido, quando em 1975 fui expulso formalmente como estudante da Universidade de Coimbra, por um plenário movido por alguns militantes de uma esquerda tão à esquerda que, sem ser do MRPP, tinha como activistas ilustres futuros membros do governo da direita cavaqueira e banqueiral. Infelizmente, não tinham notado que já me tinha licenciado em 31 de Outubro de 1974 e sem passagens administrativas. E que, meses volvidos, era adjunto de um dos governos provisórios.

Fechando o círculo, a punição política do tempo do cabaz de compras foi por ter sido adjunto político do anterior ministro do governo provisório anterior. A punição do tempo do governo cavaqueiro foi também por ter sido adjunto de anteriores ministros da mesma área dos tempos dos governos eanistas, incluindo o pintasilguista, e do balsemismo.

A ameaça com que se coroa, na minha escola, o fim do modelo de gestão com que a Lei Gago vai encerrar um ciclo que um quarto de hora antes de morrer já estava morto e quase me faz recordar a coincidência de nomes entre o actual “big brother” e os autores morais de um processo de ocupação violenta de instalações na Rua da Junqueira durante o governo Guterres, quando certos membros da minha escola, em nome do pretenso bom nome da dita, transformaram instalações do ministério de Gago, que era ministro da ciência sem universidades, em objecto ocupável.

Eu fui um dos dois professores que tomaram posição pública contra a operação. O mentor do processo nunca me perdoou e é ele que, por acaso, é o directo responsável pelo apagão do CEPP. Venha o inquérito! Num Estado de Direito a lei já não é quod princeps dixit e o mesmo príncipe está sujeito à própria lei que edita. Aliás já nem há o “l’État c’est moi”, porque o Estado somos nós todos.

Como escrevo no último livro que publiquei, reproduzindo um texto de 1996: uma das consequências habituais do estabelecimento de novas intelligentzias oficiais consiste na expulsão dos universitários que não jurem fidelidade ao novo estado de coisas e no estabelecimento, directo ou indirecto de livros únicos, conforme o modelo da reforma pombalina da Universidade e dos subsequentes saneamentos de lentes liberais pelos miguelistas, ou de lentes miguelistas pelos liberais, numa sementeira de intolerância que prosseguiu por ocasião da instauração da República, da institucionalização do Estado Novo ou do lançamento do processo revolucionário em curso dos anos de 1974-1975. Já chega! Saúdo o actuais presidente da república, primeiro-ministro e ministro da universidade por nunca me terem acusado de pôr em causa o bom nome de Portugal e da República pelas críticas frontais que lhes movo nas inúmeras peças deste blogue e nos jornais onde me expresso desde 1967, quando o meu primeiro artigo em letra de forma foi completamente decepado pela censura, dado que aí anunciava que o totalitarismo só se conciliaria com a liberdade quando os camarões assobiassem…

Ago 24

Entrevista

Ficámos surpresos quando durante as férias nos inteiramos, através do seu blog “Sobre o Tempo que Passa”, que o link http://www.iscsp.utl.pt/cepp, teria sido apagado naquele que o professor classificou como um “acto de saneamento e censura”. O que é exactamente o CEPP? E o que se passou com este link?

 

Às 22 horas e 39 minutos do dia 23 de Agosto foi reposta a ordem alterada e qualquer navegador já pode consultar sem adjectivações um arquivo objecto de apagão. São 183 MB e 12 000 ficheiros, transformados em consulta pública entre 2000 e 2003 e que pertenciam a um pomposo CEPP, quase exclusivamente constituído pela minha equipa docente que, pelo menos, deixou essa obra palpável, que não pertence ao tradicional discurso da música celestial, prenhe daquelas boas intenções de que o inferno costuma estar cheio. Basta consultar os registos das consultas, o relatório de execução e os milhares e milhares de referências, especialmente num tempo em que muitos medem a ciência pelo quantitativo das ditas. Como, para essa execução informática  fomos subsidiados pela FCT, onde quase todos os fundos serviram para compensar o trabalho de dois estudantes que inventaram o modelo de divulgação, os arquivos do CEPP já não são meus, são um bem público, da  comunidade que a eles acede. E o que é comum não é de nenhum e por todos deve ser defendido, como aconteceu com a reacção da blogosfera e da imprensa que dela fez eco.

 

Os atritos entre o Prof. e o Prof. Bilhim têm vindo a aumentar. Tanto que na última conferência das jornadas de C.P. o Prof. Bilhim saiu de rompante a meio da dita cuja, visivelmente perturbado com o que o Prof. estava a dizer. Quer comentar?

As instituições são ideias de obra, onde tem que haver manifestações de comunhão entre os seus membros, todos obedecendo às mesmas regras. E como o absolutismo, em termos de dever já foi revogado pelo Estado de Direito, julgo que neste não é lei o que o príncipe, ou os seus cortesãos, dizem, tal como o príncipe e os mesmos cortesãos estão sujeitos às regras que eles próprios podem emitir. Julgo que já acabou o tempo do “l’état c’est moi”. Não comento quem foge aos debates de ideias. Os estudantes foram felizmente testemunhas dessa interpretação de tolerância a críticas não personalizadas. -

 

 

Quem são os novos donos do poder? Que é como perguntar… O Presidente do nosso Conselho Directivo e mais quantos? “Um desses aliados dos novos donos do poder, ainda há semanas me confessava, no silêncio do gabinete que não tinha dúvidas em mandar-me fuzilar se a revolução dele triunfasse, apesar de continuar meu amigo.”       www.tempoquepassa.blogspot.com, “O “big brother”… culpa vai morrer solteira… Toma!“

 

 

 

“Os Donos do Poder” é o título de um dos mais brilhantes estudos politológicos de língua portuguesa, onde Raimundo Faaoro, um brasileiro da segunda metade do século XX, aplicou a metodologia weberiana para a análise da sociedade e do Estado no Brasil, demonstrando como a legitimidade patrimonial do velho feudalismo predominava no nosso pós-absolutismo.  No ISCSP, os sintomas de escola de regime, oriundos do salazarismo, continuam a perpetuar-se nas presentes encruzilhadas desta democracia pós-autoritária.  É verdade das memórias íntimas esse episódio. Qualquer estudante de ciência política o pode descodificar. Mas pouco interessa a personalização, interessa bem mais assumir uma atitude de resistência contra as teses neo-realistas e neo-maquiavélicas que sempre justificaram o totalitarismo e o autoritarismo e assumir a ideia pluralista militante, segundo a qual não há ciência política sem democracia e não há democracia sem separação de poderes e possibilidade de denúncia daquilo que Montesquieu notou: todo aquele que é detentor do poder tende a abusar do poder que tem, indo até onde encontra limites. Logo, era o mesmo Montesquieu que acrescentava a necessidade da própria virtude democrática também dever ser limitada, porque o absolutismo também podia ser democrático, dado que poderia emergir o despotismo de todos. Coisa que já o nosso Silvestre Pinheiro denunciava sobre o desvio oclocrático das aparências de jacobinismo.

 

 

 

 

 

Ainda bem que a amizade é muita, mas dentro desse mundo muito próprio de lutas de galos, qual o lugar da Instituição, do Conhecimento e… já agora dos Alunos? “…embora admita que terei de mudar a senha, até porque as entradas no meu “gmail” podem ser objecto de espionite, quando o faço no computador da universidade.”

 

www.tempoquepassa.blogspot.com ,“Dificuldades de visualização deste blogue…”

 

 

A instituição não é da endogamia carreirística que nela se instalou, é do povo que a paga. Por isso é que os concursos universitário deveriam ser todos efectivamente públicos e nacionais, sob controlo externo, para acabarmos com os tradicionais concursos com fotografia, numa escola onde tem funcionado o impulso do convidado para o início de carreira. Eu que entrei na universidade pública por concurso, revolta-me que não tenha sido dado cumprimento a inúmeras deliberações do Conselho  Científico sobre a abertura de concursos para catedráticos e para auxiliares, mesmo que com isso introduzíssemos concorrência com os instalados sem qualificações idênticas a muitos doutores, alunos do ISCSP, que não tiveram a sorte neofeudal da protecção de actuais e anteriores donos do poder.

 

-

 

 

 

Hackers…? Ou pelo menos o medo destes? É este o tempo a que chegamos no I.S.C.S.P. (e O.)?

 

Como depois da minha denúncia pública do apagão do CEPP, a resposta formal do senhor presidente do conselho directivo foi a de anunciar um processo de inquérito, coisa que já há meses, sobre lugares paralelos, tinha formalmente proposto ao Conselho Científico, guardarei para esse acto a indicação de prova sobre a matéria.

 

Tendo em conta os títulos de algumas das personagens iscspianistas envolvidas nos maiores problemas do nosso Instituto, e também alguns relacionamentos professor-aluno que por cá existem, cabe-nos a nós perguntar. Pensa existir alguma ligação directa entre a aquisição de um grau académico mais elevado, o ego inflado, as atitudes mimadas, e a consequente redução de capacidades mentais?

Chateaubriand disse um dia que a aristocracia começou por ser nobreza, passou depois a ser dos fidalgos (os filhos de algo, isto é da nobreza de serviço)  acabou nas vaidades. Acrescentarei, criticando Marx, que não é a luta de classes a principal energia da história, é a luta de invejas.

-

 

 

Que análise faria à actual direcção do I.S.C.S.P.(e O.)?

É o regresso à velha continuidade que pode conduzir a área das ciências sociais, na sua versão institucional, ao sistema de apodrecimento por dentro que fez implodir as universidades privadas da mesma área. E a coincidência dos mesmos actores desses dois processos entre os actuais donos do poder no ISCSP parece não ser simples ficção. Basta percorrer a lista dos accionistas da Universidade Internacional, dos cooperantes da Universidade Lusófona ou dos altos dirigentes da Universidade Moderna, para percebermos que temos tanto que mudar de vida como mudar de discurso. Agora, descobriram que o principal inimigo a derrubar  era este entrevistado. Não me sinto honrado com a infâmia, prefiro andar com os pés na lama do caminho e os olhos no sonho, sem fantasmas nem preconceitos. Prefiro Sancho Pança a D. Quixote…

-

 

 

Agora que assumiu as coordenações de C.P. e R.I., o que pretende para estas licenciaturas?

Ainda não foi homologada a acta do Conselho Científico. Ainda estou à espera dos “dossiers” da herança imediatamente pedidos. E  não irei personalizar o poder. Na área das relações internacionais, há coordenadores para cada ciclo: Vasconcelos Saldanha, no primeiro ciclo; Almeida Ribeiro no segundo e Sousa Lara no terceiro. Isto é todos os que anteriormente coordenaram a velha UCP. Em ciência política, como sempre foi o meu programa, teremos Manuel Merinho no primeiro ciclo e José Luís Jacinto no segundo. Não convidei o anterior coordenador da UCP para o terceiro ciclo, dadas as ciclópicas tarefas que tem em curso, com a presidência do Conselho Pedagógico, a direcção da revista e a coordenação das áreas de estratégia, estudos africanos e programas de cooperação europeia. Mas teria muito gosto em que todos déssemos o belo exemplo da não omnisciência.

-

 

 

Quais são os desafios do I.S.C.S.P.(e O.) para o futuro?

 

Reconhecer que os cemitérios estão cheios de insubstituíveis, a começar por mim. Que hoje mesmo tenho de ir constituir um advogado para me poder instruir sobre a literatura de Kafka. Depois disso, vou criar as condições para a equipa coordenadora das UCPs citadas possa cumprir a respectiva missão, preparar a próxima intervenção no Senado da UTL e tentar saber o que vai o Conselho Directivo fazer sobre aquilo que uma comissão criada pelo Conselho Científico deliberou sobre o CRIPE, o Centro de Estudos em Relações Internacionais, Ciência Política e Estratégia  que, apesar de nascer da iniciativa científica e cívica dos respectivos associados, livre dos favores dos donos do poder do ISCSP, está espera do fim de veto de gaveta do Conselho Directivo para poder dar uma pequena parcela de futuro ao ISCSP.