O próximo parlamento e o próximo governo vão ser apenas subempreiteiros de um sistema abstracto e exógeno que trimestralmente vão medir, linha a linha, a execução da obra. E tudo num esquema de inicial custo sem dor para o pagante. Ai de quem subir ao poder. Logo, têm que ser todos.
Hoje, o grau zero de política, enquanto cidadania e participação. Um Filipe II financeiro acabou de ser aclamado nas Cortes de Tomar. Foram os nossos erros que o chamaram.
Os problemas económicos apenas se resolvem com medidas económicas. Mas não apenas com medidas económicas. Se assim fosse, Portugal deveria ser apenas mero centro de imputação de receitas e despesas e a troika poderia substituir toda a nossa governança. Incluindo a presidência.
Perante a conferência de imprensa da troika, confirma-se a existência de uma alternativa entre a mentira compulsiva e a fraude obsessiva. Pelo menos sou totalmente favorável a movimentos de liberalização, dos que nos tornem livres. Até sou mais radical: além de liberalizar, sou pela libertação.
Lendo e ouvindo o nacional-conformismo face ao programa troikiano, quem sou eu para não o considerar como superior aos decretos de Mouzinho da Silveira e ao programa do MFA? Por momentos até parece que valeu a pena o regabofe de incompetência e propagandismo que nos levou ao endividamento…porque para termos o pastelão que vai fundir tudo, tudo valeu a pena, mesmo a alma pequena!
O troikiano programa não passa de mais uma ditadura das finanças. Este vem de fora para dentro, só porque, por dentro, falta o mínimo de organização do trabalho nacional e a própria vontade de sermos independentes. Somos, definitivamente, mero quintal de provincianos que já não sabem pensar-se pelas próprias cabeças…