A democracia em assunção
por José Adelino Maltez
Há mais de dois mil anos, bem antes de Cristo, se marca um dia muito especial, o do solstício, dito de Jano, o dos (re)começos, donde veio Janeiro, o nome do mês, o do deus bifronte, de duas faces, uma visível, outra invisível, e com que muitos confundem, e ainda bem, o dia de São João. E, sem ser por acaso, a não ser os sagrados, Portugal também viveu, a 21, o dia de passagem do testemunho, e da eventual regeneração da república contra o cinzentismo da classe política e da partidocracia. Porque a derrota da véspera se transformou na vitória da divisão e interdependência dos poderes e de aviso à navegação contra o principado. Para que se consensualize a humildade da democracia pluralista, que não pode cair na virose do ir de vitória em vitória, para a nossa derrota final. Até há momentos que são os do regresso da palavra e do alto nível da democracia, como aconteceu no dia joanino de uma mulher, a que produziu um dos melhores discursos que ouvi na última década de um actor político. Fiquei feliz porque ela mostrou ser feliz em servir. E 186 deputados ajudaram à boa esperança. Que viva essa nossa democracia!