Dia de Portugal. Corria o ano de 1880, quando Teófilo Braga e Ramalho Ortigão promoveram o Centenário de Camões. A rainha participa nas cerimónias de 10 de Junho, em carruagem descoberta. A comissão organizadora, presidida pelo visconde da Juromenha, mobiliza Eduardo Coelho, Sebastião de Magalhães Lima e Manuel Pinheiro Chagas, havendo grande apoio da maçonaria. Foi dez anos antes do Ultimatum…
Dia de Portugal. Em 1890: a estátua de Camões em Lisboa aparece rodeada de crepes negros, por iniciativa do deputado Eduardo Abreu e “a multidão vai enfim modelar-se em povo em torno da figura lendária do grande épico, e uma pátria surgir onde até aí se revolvia surdamente uma colmeia” (Basílio Teles). Compõe-se A Portuguesa. Miguel Ângelo Pereira compõe A Marcha do Ódio, musicando poema de Guerra Junqueiro.
Dia de Portugal: ano de 1825. Garrett publica em Paris “Camões”. Aí se canta: “Saudade! Gosto amargo de infelizes! Delicioso pungir de acerbo espinho!”. A pátria que hoje se comemora é uma invenção dos românticos liberais do século XIX. Os tecnocratas nunca o entenderão. E os funcionários públicos sem espinha, também não.