Os secretariáveis, depois dos nomes já lançados para a figueira, e sem que o telefone toque, nem sequer aproveitam a ponte, tostando diante das ondas. Ainda por cima, o grande chefe não vem de jacto especial… ainda aterra na Portela e na carreira do costume…
O Guerra Junqueiro até previa a hipótese de chegada de um D. Sebastião científico. Não era piada ao marxismo. Era ao habitual Professor Pardal das pastas educativas. O que costuma ser sugerido e escolhido pelos senhores primeiros ministros que ouvem o douto conselho do Professor Manitu que sempre gostou dos redactores do Grito do Povo.
O novo ministro da Administração Interna diz que em plena época de incêndios não é oportuno avançar com mudanças. Aliás, nem Salazar, a partir de 1928, tocou no Alberto Xavier, o democrático super-burocrata do Ministério das Finanças, tal como Manuel Rodrigues manteve o secretário-geral do Ministério da Justiça, antigo ministro afonsista. A moda destruidora é bem mais recente.
Quando eu era puto e funcionário do Ministério do Comércio, antes dos trinta anos, tive um ministro socialista que manteve o director-geral que tinha herdado. Só ficou irritado com a comissão de trabalhadores e emitiu um despacho proibindo que os seus funcionários emitissem declarações públicas sobre questões internas. O ministro era António Barreto, um dos sindicalistas era eu.
A comissão de trabalhadores em causa foi das primeiras não-PCP nem sequer de esquerda. Andávamos nos tempos áureos da central UGT e até participámos nas sementes do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado, depois de perdermos as eleições para o PCP no primeiro sindicato da função pública. E no meu caso, bem desencávamos no ministro António Barreto…
Belos tempos de funcionário público. O meu colega de gabinete era o José Manel Silva Rodrigues e na direcção-geral congénere trabalhava na mesma função o Guilherme d’ Oliveira Martins, todos ministerializados pelo tal de António Barreto. Que não nos topava muito bem, porque eu e o Guilherme tínhamos sido adjuntos do antecessor, o Magalhães Mota.
Um livrinho para fim de semana de futuro secretário de estado, Almeida Garrett, “Portugal na Balança da Europa. Do que tem sido e do que ora lhe convém ser na ordem nova de coisas do mundo civilizado”, Londres, S. W. Sustenance, 1830. Sobretudo o “de que ora lhe convém ser”…
Quatro anos depois de Garrett, em 22 de Abril de 1834, o mais importante tratado da liberdade nacional portuguesa, o de Paris. Isto é, França e Grã-Bretanha coordenam conjuntamente Portugal e a Espanha. Península Ibérica passa a ser controlada por esta dupla do directório europeu e da hierarquia das potências, isto é, Lisboa deixa de depender directamente de Madrid.
Hoje é dia de São João. O de tempos imemoriais, conforme foi recordado neste dia do ano de 1717 em “Goose and Gridiron Ale House”, St Paul’s Churchyard. Daí a bela confusão de solstício. Como no dia de Natal.