Abr 12

A lista dos 3 600 bufos, segredos de Estado e sigilo bancário

Os estudiosos das elites ficaram surpresos anteontem, quando o grão-mestre do GOL, o meu amigo António Arnaut, anunciou a existência de um “grande livro dactilografado em formato A4″ que contém informações detalhadas e discriminadas por distritos sobre 3.600 agentes e informadores da antiga polícia política do Estado Novo PIDE/DGS. Segundo o mesmo, “este livro é uma espécie de dinamite porque há muitos agentes e informadores da PIDE que ainda estão vivos. Se fosse divulgado, poderia pôr em risco a paz social e causar uma enorme instabilidade e mal-estar”. O livro foi encontrado nas instalações do Grémio Lusitano e lá foi deixado pelo usurpador das mesmas, o velho salazarismo, através desse seu instrumento para o jogo sujo chamado Legião Portuguesa. Mantido sob o regime de segredo maçónico, não foi, felizmente, remetido, na altura do PREC, para essa entidade estadual chamada comissão de extinção da PIDE-DGS, quando a mesma tinha algumas cumplicidades dominantes com um grupo que tinha fortes ligações de íntima solidariedade internacionalista com o KGB, por considerar Moscovo como “o sol da terra”. O Estado, esse molusco que inventou a PIDE e permitiu que parte dos arquivos da mesma fossem remetidos para a capital da URSS, não é, nestes domínios, uma pessoa de bem. Enquanto não houver um efectivo Estado de Direito, eu, pelo menos, confio mais na Maçonaria e na honradez das pessoas que a têm gerido. Não quero o modelo deste “regime de liberdade” onde ” as corporações ganham muito peso (…), depois têm tanto peso que não se submetem à lei, fazem eles próprios a lei, percebes? Portanto, é o que se passa com a Judiciária, com o Ministério Público, com os juízes, enfim, são os interesses corporativos metidos e portanto isto não decorre de acordo com a legalidade e portanto sabemos disso”, para usar das palavras de um juiz conselheiro, em conversa com uma mediática autarca, em fuga, do partido que está no actual governo. Imagino o que o dr. António Arnaut qualifica como “dinamite”. Não apenas o picante de distintos democratas e altos quadros do actual regime poderem ter o nome impresso no livreco, como também a pouca credibilidade da mesma listagem, cheia de jagunços e contínuos, feitos “olhos e ouvidos” do Senhor Estado, a troco de uma nota de vinte paus ou de uma oleada cunha  do senhor comendador ou do senhor director, onde alguns deles ainda continuam comendadores e directores, por causa da música celestial da demagogia pulhitiqueira e do modelo de governo dos espertos do princípio da legalidade, com que alguns identificam o nome “Estado de Direito”. De qualquer maneira, demonstrar-se-ia como o partido dos bufos era bem maior do que qualquer outro partido português, mantendo a horrorosa tradição inquisitorial. Aliás, considero que a bufaria constitui o pior escarro que nos foi legado pelo salazarismo, a mais requintada forma de repressão existente em Portugal, porque, mesmo depois de eliminados os aspectos exteriores da brutalidade estadual, ela permanece como subsistema de medo. Até se conhecem distintos gestores ministeriais dos bufos de antigamente que continuam no poder, hoje, assentes no mesmo método que até penetrou nalguns segmentos de gestão democrática, principalmente nas zonas corporativas onde os eleitores dependem da nomeação do director e estão profissionalmente dependentes do mesmo director, tanto para a renovação do contrato como para a progressão na carreira. E não faltam os que continuam a ser condecorados pela mesma porcaria, sempre em nome dessa abstracta entidade, chamada Estado, sempre com os mesmos contínuos e os mesmos salamaleques, onde o crime continua a compensar. As garras aduncas das maravilhas e velharias do salazarismo, pintadas de protecção feudal pelos grandes democratas que lhe sucederam em absolutismo, continuam cravadas nalguns dos nossos dorsos, graças a retóricas de mentira e a troca de favores. Porque tanto é bufo o sub-bedel da faculdade que tinha contrato com os pides, como o corrupto mental de hoje que fornece informação à besta reciclada de antigamente que, perfumada com outros títulos e guruzices, vai espalhando o veneno inquisitorial nos passos perdidos dos grandes salões de Estado, de forma cardinalícia. Se a Maçonaria tivesse aberto o livro e o utilizasse como forma de pressão, a ordem mataria com o mesmo ferro com que foi injustamente perseguida. Tenho a certeza que não o fez e a melhor prova disso está na forma publicitada como o grão-mestre denunciou a incómoda situação. Julgo que a coisa deve ser guardada a recato e não me parece que os actuais meandros da fuga ao segredo de justiça por parte das estruturas de apoio do sistema judicial tenham condições para cumprir o respectivo dever. A solução de recurso aos cofres do sistema de sigilo bancário talvez seja o menos mau. Porque o melhor teria sido a loja continuar a guardar a coisa em regime de segredo maçónico, ou até entrar num pacto de dupla vigilância com a Igreja Católica que, ao menos, conseguiu legar ao Estado os processos da Inquisição, com menos danos do que aqueles que afectaram os arquivos da PIDE/DGS. Estes dois seculares representantes de tradicionais valores da nossa sociedade civil, que ainda sabem conjugar a honra com a inteligência, bem poderiam protagonizar o necessário movimento de limpeza moral que tanto urge, dado que ambos já se arrependeram de inquisições e formigas brancas e já nacionalizaram as tendências estrangeiradas que ainda permanecem nalgumas seitas lusitanas dos dias que correm, mesmo entre os banqueiros e bancários.

Abr 12

A lista dos 3 600 bufos, segredos de Estado e sigilo bancário

Os estudiosos das elites ficaram surpresos anteontem, quando o grão-mestre do GOL, o meu amigo António Arnaut, anunciou a existência de um “grande livro dactilografado em formato A4″ que contém informações detalhadas e discriminadas por distritos sobre 3.600 agentes e informadores da antiga polícia política do Estado Novo PIDE/DGS. Segundo o mesmo, “este livro é uma espécie de dinamite porque há muitos agentes e informadores da PIDE que ainda estão vivos. Se fosse divulgado, poderia pôr em risco a paz social e causar uma enorme instabilidade e mal-estar”. O livro foi encontrado nas instalações do Grémio Lusitano e lá foi deixado pelo usurpador das mesmas, o velho salazarismo, através desse seu instrumento para o jogo sujo chamado Legião Portuguesa. Mantido sob o regime de segredo maçónico, não foi, felizmente, remetido, na altura do PREC, para essa entidade estadual chamada comissão de extinção da PIDE-DGS, quando a mesma tinha algumas cumplicidades dominantes com um grupo que tinha fortes ligações de íntima solidariedade internacionalista com o KGB, por considerar Moscovo como “o sol da terra”. O Estado, esse molusco que inventou a PIDE e permitiu que parte dos arquivos da mesma fossem remetidos para a capital da URSS, não é, nestes domínios, uma pessoa de bem. Enquanto não houver um efectivo Estado de Direito, eu, pelo menos, confio mais na Maçonaria e na honradez das pessoas que a têm gerido. Não quero o modelo deste “regime de liberdade” onde ” as corporações ganham muito peso (…), depois têm tanto peso que não se submetem à lei, fazem eles próprios a lei, percebes? Portanto, é o que se passa com a Judiciária, com o Ministério Público, com os juízes, enfim, são os interesses corporativos metidos e portanto isto não decorre de acordo com a legalidade e portanto sabemos disso”, para usar das palavras de um juiz conselheiro, em conversa com uma mediática autarca, em fuga, do partido que está no actual governo. Imagino o que o dr. António Arnaut qualifica como “dinamite”. Não apenas o picante de distintos democratas e altos quadros do actual regime poderem ter o nome impresso no livreco, como também a pouca credibilidade da mesma listagem, cheia de jagunços e contínuos, feitos “olhos e ouvidos” do Senhor Estado, a troco de uma nota de vinte paus ou de uma oleada cunha  do senhor comendador ou do senhor director, onde alguns deles ainda continuam comendadores e directores, por causa da música celestial da demagogia pulhitiqueira e do modelo de governo dos espertos do princípio da legalidade, com que alguns identificam o nome “Estado de Direito”. De qualquer maneira, demonstrar-se-ia como o partido dos bufos era bem maior do que qualquer outro partido português, mantendo a horrorosa tradição inquisitorial. Aliás, considero que a bufaria constitui o pior escarro que nos foi legado pelo salazarismo, a mais requintada forma de repressão existente em Portugal, porque, mesmo depois de eliminados os aspectos exteriores da brutalidade estadual, ela permanece como subsistema de medo. Até se conhecem distintos gestores ministeriais dos bufos de antigamente que continuam no poder, hoje, assentes no mesmo método que até penetrou nalguns segmentos de gestão democrática, principalmente nas zonas corporativas onde os eleitores dependem da nomeação do director e estão profissionalmente dependentes do mesmo director, tanto para a renovação do contrato como para a progressão na carreira. E não faltam os que continuam a ser condecorados pela mesma porcaria, sempre em nome dessa abstracta entidade, chamada Estado, sempre com os mesmos contínuos e os mesmos salamaleques, onde o crime continua a compensar. As garras aduncas das maravilhas e velharias do salazarismo, pintadas de protecção feudal pelos grandes democratas que lhe sucederam em absolutismo, continuam cravadas nalguns dos nossos dorsos, graças a retóricas de mentira e a troca de favores. Porque tanto é bufo o sub-bedel da faculdade que tinha contrato com os pides, como o corrupto mental de hoje que fornece informação à besta reciclada de antigamente que, perfumada com outros títulos e guruzices, vai espalhando o veneno inquisitorial nos passos perdidos dos grandes salões de Estado, de forma cardinalícia. Se a Maçonaria tivesse aberto o livro e o utilizasse como forma de pressão, a ordem mataria com o mesmo ferro com que foi injustamente perseguida. Tenho a certeza que não o fez e a melhor prova disso está na forma publicitada como o grão-mestre denunciou a incómoda situação. Julgo que a coisa deve ser guardada a recato e não me parece que os actuais meandros da fuga ao segredo de justiça por parte das estruturas de apoio do sistema judicial tenham condições para cumprir o respectivo dever. A solução de recurso aos cofres do sistema de sigilo bancário talvez seja o menos mau. Porque o melhor teria sido a loja continuar a guardar a coisa em regime de segredo maçónico, ou até entrar num pacto de dupla vigilância com a Igreja Católica que, ao menos, conseguiu legar ao Estado os processos da Inquisição, com menos danos do que aqueles que afectaram os arquivos da PIDE/DGS. Estes dois seculares representantes de tradicionais valores da nossa sociedade civil, que ainda sabem conjugar a honra com a inteligência, bem poderiam protagonizar o necessário movimento de limpeza moral que tanto urge, dado que ambos já se arrependeram de inquisições e formigas brancas e já nacionalizaram as tendências estrangeiradas que ainda permanecem nalgumas seitas lusitanas dos dias que correm, mesmo entre os banqueiros e bancários.