De como desatei aos pontapés, a tocar violino e a chamar nomes a todos os não-ninguém …

Agradeço as manifestações de solidariedade que me têm chegado e, sublinho, da blogosfera, pedindo desculpa pelas que me escapam, as tomadas de posição de Ortogal, de Golfinho, do Blasfémias, do Tugir e do Fumaças. Quero também fazer devido destaque para a posição publicamente assumida por Marcelo Rebelo de Sousa no seu blogue, transcrito hoje no “Sol”. O triângulo de solidariedade, entre uma voz da escola-mãe onde me formei, através de Vital Moreira, da escola onde aprendi a ser professor e onde iniciei a minha carreira docente por concurso público, a Faculdade de Direito de Lisboa, através do seu presidente do conselho científico, e a quebra de bloqueio expressa pelo decano da minha actual escola ao DN, Carlos Diogo Moreira, faz-me sentir universitariamente apoiado.

Logo, calarei neste lugar, a partir de agora, o destaque desta infeliz saga que, reposto o objectivo de desapagamento de um bem público, merece o trancamento de balneário, pedindo desculpa pela interrupção do meu ritmo normal de análise que, aliás, continuei em manuscrito, nomeadamente sobre a campanha para a liderança do PSD, o caso Somague e outras deste defeso de politiqueirismo. Apenas transcrevo a pequena observação de José Joaquim Lopes Praça, de 1868, com que inicio o meu “Metodologias da Ciência Política” que, em breve, será lançado, em breve cerimónia pública, num qualquer lugar de memória, mesmo que seja contra a vontade do editor: muitas vezes se tem dito, e é uma verdade, que não há mais país livre sem instrução, nem um país pode ser bem governado, quando as ciências que mais contribuem para ilustrar os governantes se abandonam ao desamparo…

Como a matéria do apagão, conforme aqui descrevi, pode entrar, de um momento para o outro, em silêncio processual, corro o risco de só poder falar sobre a dita em regime de segredo de justiça, através do advogado que sou obrigado a constituir, dado que a face visível do poder instalado acabou hoje de declarar ao DN que não aprecia o toque de violinos e que a minha actuação sobre a matéria equivale aos sociológicos conceitos de desatar aos pontapés e a chamar nomes a alguém. Aliás, na revista Sábado, que também se referiu ao assunto, páginas volvidas, transcrevem-se afirmações minhas que põem em causa o bom nome da pátria e do regime, quando sobre o jogging de Sócrates, declaro o seguinte: o Cavaco subia coqueiros, o Sócrates faz jogging. São dois exemplos de fenómenos de propaganda de imagem. Apenas isso.

Espero que Marcelo Rebelo de Sousa não seja vítima de uma intenção de inquérito, a promover pelo respectivo conselho directivo, por ter escrito, no semanário “Sol”, o que se segue: um abraço solidário para José Adelino Maltez. O sítio do ISCSP acaba de “sanear” o pecúlio de dados histórico-filosófico-políticos por ele laboriosamente recolhidos ao longo de muitos anos. A saber, o arquivo do Centro de Estudos do Pensamento Político.

Qualquer aprendiz de pesquisador de opiniões pode recolher neste blogue e nas minhas intervenções de publicista, em quase todos os principais órgãos de comunicação social, inúmeras actividades delituosas desse teor e bem podem pesquisar as defuntas fichas da PIDE, do KGB e da CIA que nelas não encontrarão mais do que publicamente incluo no meu “curriculum” cívico e académico, disponível há muitos anos na Internet (http://maltez.info/). E também poderão ler o que quotidianamente emito neste blogue sobre as circunstâncias políticas domésticas e a própria vida universitária. É o meu património não apagável por qualquer apreciador de violinos que, do alto das suas altas funções administrativas, pode continuar a mandar afixar nas vitrinas da respectiva administração, todas as entrevistas políticas que vai dando sobre o PRACE na pátria e na região autónoma que o contratou como reformador local.

Por hoje hoje apenas transcrevo parte do artigo do Diário Notícias, a diponível na net. Desde já informamos que a fotografia de Vasco Neves, incluída no mesmo, não foi obtida nas instalações geridas pelo inspirador da presente reforma do Estadão … na Madeira, pelo que não tem que ser movido qualquer inquérito aos serviços que têm as chaves de tais instalações. Fui fotografado numa cyberloja, diante do Liceu Camões, mas, quando se pediu autorização ao responsável, este logo disse: já sei, é por causa do CEPP, já estou informado pela NET…

Professor do ISCSP inquirido por delito de opinião

FRANCISCO ALMEIDA LEITEVASCO NEVES (imagem)

O Conselho Directivo (CD) do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) vai instaurar um inquérito com eventuais consequências disciplinares ao professor catedrático José Adelino Maltez. Na base deste procedimento está, segundo um documento a que o DN teve acesso, “alegadas intervenções do mesmo professor gravissimamente lesivas para o bom nome e imagem do ISCSP”.

Quem o escreve é João Bilhim, presidente do Conselho Directivo do ISCSP, numa carta que enviou esta quinta-feira a todos os docentes daquela instituição e na sequência de uma notícia do DN desse dia, na qual José Adelino Maltez garantia que poderia recorrer ao Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) por causa da destruição do arquivo online do Centro de Estudos do Pensamento Político. Na carta, Bilhim diz que vai propor na próxima sessão do órgão que dirige “a abertura de um inquérito, destinado a apurar os factos e as correspondentes consequências disciplinares”.

Ao DN, Maltez afirma que o inquérito “é uma ameaça”, rementendo para estas declarações que colocou no seu blogue pessoal (www.tempoquepassa.blogspot.com): “Como toda a universidade pode calcular, saúdo, com toda a veemência da liberdade de expressão, a instauração de tal inquérito que, aliás, já tinha sido, há meses, por mim solicitado em pleno Conselho Científico e que ficou em veto de gaveta. Sugiro, aliás, que o mesmo possa ser levado a cabo por uma entidade independente, nomeadamente a Procuradoria-Geral da República, recorrendo a peritos que saibam distinguir um mail de um weblog, ou uma página oficial de um servidor”.

João Bilhim, por sua vez, declara ao DN que “uma vez que o prof. Maltez tinha dito que ia apresentar queixa ao DIAP e alguns blogues falam na necessidade de a Inspecção Geral do Ensino Superior se pronunciar, eu sou o primeiro a pedir uma clarificação”. Bilhim explica que o inquérito “não é com certeza para tocar violinos, um inquiridor pretende saber se há factos do objecto de delito”.

Este especialista em Sociologia das Organizações – que presidiu à comissão técnica do PRACE, programa governamental que apontava para a redução de cerca de 120 organismos da Administração Central – afirma que ele próprio viu o site do Centro de Estudos Administração Pública e Políticas Públicas, que dirige, ir abaixo durante as reformulações no endereço electrónico do ISCSP. “E não desatei aos pontapés e a chamar nomes a ninguém”, diz ao DN, acrescentando que considera que as declarações públicas de Maltez “são lesivas do bom nome do ISCSP”.

Quem não concorda é Carlos … Moreira, o decano dos professores catedráticos do ISCSP, depois de Adriano Moreira e de Narana Coissoró se terem jubilado. “A carta do presidente do CD deixa-me perplexo, o que me parecia curial era que o prof. Bilhim tivesse, primeiro, procurado falar com o prof. Maltez para se elucidar das razões que o levam a dizer o que disse”, diz Carlos … Moreira, que considera Maltez “um catedrático prestigiadíssimo que merece consideração”.Este sociólogo defende que a carta do presidente do CD, dirigida a todos os professores, “revela precipitação e insensatez”. Mais, segundo Carlos … Moreira, a carta “não corresponde à imparcialidade que o cargo exige”.

Este catedrático condena a passagem em que Bilhim diz “vivemos um momento muito difícil na vida da UTL e do Instituto” e questiona: “Que momento difícil? Só se for a propósito dos novos estatutos do ISCSP que foram propostos contra a vontade de muitos”.

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