Set 11

Farpas

Hoje apetecia voltar a dar longos passeios, ao domingo. Não vou por aí. Não quero confirmar como as casas que foram minhas, pelo uso que lhes dei, foram ocupadas pelos falsos títulos, administrados pelo habituais manipuladores das decadências que vão contratando sucessivos deslumbrados, com a eterna usurpação da engenharia financeira. Continuam todos de chapéu na mão, temendo olhar o sol de frente.

Inspirado por Umberto Eco, tenho de concluir que o paradigma da nova direita é, sem dúvida, um maçon vestido de mulher, isto é, um jesuíta, tal como o paradigma da nova esquerda é um guerrilheiro, isto é, um jesuíta da guerra. E tudo por culpa do Marquês, que não os expulsou de vez, e do António de Santa Comba, que não os refez como devia ser. E assim nos ficámos, Portugalórios…

Um Seguro, muito social-democraticamente correcto, pondo acento tónico no combate à corrupção, através do exemplo, e assentando numa política europeia inequivocamente federalista. Vamos ver se sai do laboratório de ideias e dos respectivos punhos de renda.

Numa perspectiva liberalmente incorrecta, especialmente num país onde tanto faltam verdes como liberais, em termos organizacionais, ainda não percebi a razão pela qual ser mais à esquerda significa mais estadualismo, sobretudo onde abundam os equívocos das empresas de regime, onde os mais ricos proclamam que não são liberais, para garantirem o proteccionismo, da economia privada sem concorrencialismo.

Numa perspectiva federalista, livre da eurocracia e do princípio da hierarquia das potências, agora reduzida ao eixo, também ainda não percebi como não se consegue consensualizar, em ritmo popular, que mais Europa pode significar mais pátria.

Depois da quase certa derrota do PSOE, em Espanha, os socialistas europeus podem começar a ganhar, ou a não perder, eleições, na Alemanha, na Itália e em França, mas sempre em frentes de ampla geometria política, não com a esquerda dos preconceitos, mas com o centro excêntrico da sociedade civil. O futuro do PS passa pela criatividade destas conjugações, sobretudo quando se assistir ao crepúsculo do bloco central cavaquista…

Assisto às cerimónias do 10º aniversário do 11 de Setembro, com Bush e Obama. Ambos rivalizam em citações da Bíblia. Ao contrário do que dizia o Abade Barruel, isto só acontece na república mais maçónica do mundo. Sua Santidade, o Papa, tem pena que ambos sejam protestantes e lamenta que os seus democratas cristãos da Europa não usem do sagrado no profano. Ainda não atingiram a dimensão do pós-secular, defendida por Habermas.

 

Set 11

Um 11 de Setembro pós-secular

Assisto às cerimónias do 10º aniversário do 11 de Setembro, com Bush e Obama. Ambos rivalizam em citações da Bíblia. Ao contrário do que dizia o Abade Barruel, isto só acontece na república mais maçónica do mundo. Sua Santidade, o Papa, tem pena que ambos sejam protestantes e lamenta que os seus democratas cristãos da Europa não usem do sagrado no profano. Ainda não atingiram a dimensão do pós-secular, defendida por Habermas.

 

O que seria de nós se a Maria de Belém invocasse o Evangelho de João no Congresso do PS? Ou se Passos Coelho citasse as Constituições de Anderson numa conversa em família? Até Fernando Rosas e Bagão Félix fariam uma conferência de imprensa em protesto. Eu prefiro que Lenine continue a ser invocado na Festa do Avante e que se continue a cantar o 13 de Maio nas peregrinações de Fátima. Sou pela invocação quotidiana do mais além, até na política.

Set 11

Gunther Oettinger e a bandeira a meia haste

Leio, com tristeza, a proposta de regresso à estrela na identificação dos eus colectivos, proposto pelo comissário euro-cristão alemão, para que “as bandeiras dos pecadores da dívida” possam ser “colocadas a meia haste nos edifícios da União Europeia”. Daí que eu apoie Asia Bibi. Também não advogo que se identifiquem outros como puníveis pela blasfémia, usando a gamada ou a foice e o martelo.

 

Espero que Zé Manuel Barroso tenha sido suficientemente ex-maoísta na reprimenda que certamente deu ao seu colega de multinacional partidária…

 

Já agora…os países da UE que não são do euro, não deviam ter direito a haste, só pano embrulhado…com um fio de navalha.

 

E quando a Alemanha não cumpriu o défice, na convergência de Maastricht, será que ficou com metade do pano, com que se assoou…

 

O mais preocupante não é o que disse Gunther Oettinger, porque o que ele diz, como politiqueiro, será sempre igual ao que ele desdisser. O pior é que ele disse em voz alta o que amplas zonas sociológicas sentem e quer galgar a onda de uma ideia darwinista da presenta selva, a que só falta o regresso aos muros pretensamente separadores…É mesmo preocupante começarem a dizer em voz alta o que muitos calam, neste populismo hipócrita dos pretensos ricos e ortodoxos. Assim, como é que a Europa pode falar ao mundo se nem sequer consegue a harmonia interna!

 

Como português, os meus interesses nacionais, libertos da ideologia, só me dizem uma coisa: que eles sejam imediatamente derrotados pela via eleitoral!

 

Nisto de partidos na política internacional, sou muito pragmático: se os monárquicos alienígenas me invadirem, inscrevo-me logo no partido republicano e se só os comunistas fizerem resistência, passo a “partisan”.