Ontem, longas horas num especial júri de doutoramento de Manuel Monteiro, que tive a honra de orientar, e que transformou o cabo da Tormentas en cabo da Boa Esperança. Lá se continuou uma velha tradição portuguesa de a universidade servir de plataforma de ligação entre a experimentação e a teorização de homens maduros que serviram a república. De Silvestre Pinheiro Ferreira a António Cândido, de Afonso Costa a Pimenta de Castro, de Trindade Coelho a António Sérgio e, mais recentemente, de José Magalhães Godinho a Luís Viana de Sá. Reflexões de reformistas que eram engenheiros de sonhos e que nos deram pátria e democracia.
Daily Archives: 11 de Abril de 2012
Financial Times
Resultado da conversa com Peter Wise, do Financial Times: “People who remember how poor Portugal was before we joined are not going to say bad things about Europe,” says José Adelino Maltez, a political scientist at Lisbon’s Technical University. In terms of development, he says, Portugal has moved in a short period from a country comparable with Morocco to “somewhere near the suburbs of Madrid”. “We, the passive majority of the Portuguese, have seen our lifestyles improve over the past two decades, mainly for electoral reasons, without the same sense of sacrifice as some central European countries,” says Prof Maltez. “But we haven’t achieved the same levels of education or professional training.” “The political parties that formed in Portugal after the return of democracy in 1974 are all based on German models,” says Prof Maltez. “Many of our leading politicians were educated in German institutes. “Portuguese democracy is European from the inside out.”
A síntese da síntese não tem que ser a bipolarização do optimismo contra o pessimismo. Vale mais falar na esperança dos desesperados. Contudo, sempre me citam: “quem se lembra de como Portugal era pobre antes da adesão não dirá nada de negativo sobre a Europa”
No Portugal político que nos controla, através dos enferrujados canais representativos
Por causa da MAC, deu-me para procurar a casa onde nasci. E encontrei sinal num desses anúncios de vendas da casa ao lado. Até descobri que se chamava delegação de Coimbra do Instituto Maternal, instalada cinco anos antes, ligada ao dinamismo de Bissaia Barreto, mesmo ao lado da Sé Velha, mas pertencendo à freguesia da Sé Nova. Mudou de sítio mas homenageia o fundador.
No Portugal político que nos controla, através dos enferrujados canais representativos, não há espaço para populismos. Para aquilo que Alexandre Herculano qualificou como o despotismo dos césares de multidões. Esse modelo que acentua as virtudes carismáticas de um chefe encomendado e exalta as características específicas da comunidade popular, com valorização da nação e eventual xenofobia, quando não da pureza étnica. Os caça fascistas de tradução em calão enganam-se sempre.
Resposta a um amigo exilado, lá no outro lado do mundo: não há salvação com sinais de vestimenta mudada, mas simples confirmação da podridão do sistema… O hábito não faz o monge. Prefiro o eremita.