Jan 08

Da esquerda que convém à direita e vice-versa

Algumas candidaturas que por aí campanham ainda não repararam que, no maquiavelismo conselheiral do que parece e não é, o tacticismo do curto prazo, acaba por ser, de um dia para o outro, além de má moral, pior política. Sobretudo num ambiente que volta a ser enredado pelas esquerdas e pelas direitas mais estúpidas do mundo. Até emergiu uma esquerda que convém à direita e que, caso não existisse, teria de ser inventada, para rimar com a hipocrisia de um tempo global, onde principais gestores do capitalismo internacional, do FMI ao BCE, são ilustres figuras do socialismo. Se me considero totalmente esclarecido com aquilo que Alegre disse sobre o agenciamento de homens das letras e das artes, à boa maneira do recrutamento da socialite para a comunicação social do cor de rosa, também estou inteiramente elucidado sobre aquilo que Cavaco vai dizendo, depois de proclamar que, aos costumes, apenas dirá o nada. Ambos caíram na mesma esparrela. Mas juro que, se era capaz de confiar a minha carteira a Cavaco, já não mandava Alegre verificar as próprias contas e jamais me depositaria junto de antigos e presentes amigos políticos do primeiro, tal como acho que certos propagandistas do segundo não têm futuro nem aquele pretérito perfeito de um Abril cumprido, com 25 de Novembro na hora certa. As rodas do carro da política deixaram de rodar em torno do eixo do bem comum e todos nos vamos enrodilhando na esquina, a mexer na concertina. O Zé Povinho, fingindo-se adormecido, apenas está enjoado de tantas más acções. Vencer pode voltar a ser o ser vencido.

Jan 08

Todo o poder instalado tende a apodrecer

O mundo das revistas cor de rosa e dos efebos foi manchado por uma tragédia, tipica das velhas crónicas de costumes. Esperemos que a justiça cumpra a sua função e sirva de exemplo. Guardemos, do assassinado cronista, o registo do génio. Ficámos todos mais pobres.

Políticos em exame de consciência. Que o movimento alastre. Seria mais fácil, para todos, que eles também mudassem por dentro e dessem o exemplo. Louvo a coragem da Drª Manuela. Sem ironia. Ela sisse muito mais do que o candidato da barriga de aluguer, talvez por já ter sido punida por erros clamorosos de comunicação.

Tenho aqui denunciado a indústria da parecerística, da consultadoria e do “outsourcing”. Parabéns ao DN e à Maria de Lurdes Vale. Identificando uma das parcelas clássicas dos grupos de pressão, compreendemos melhor o vazio de instrumentos analíticos a que chegámos. Já chega de hipócritas juridicismos que nem reparam como uma ditadura de meio século também foi um Estado de Legalidade…

Todo o poder instalado tende a apodrecer. E se apenas pedirmos a magistrados, a ministros e polícias que meçam a distância que vai entre aquilo que se proclama e aquilo que se pratica, maior será o concentracionarismo e a ditadura da incompetência. O Estado somos nós, mesmo quando apenas deixamos que Eles abusem.

Só agora vi a entrevista de Judite a Coelho. E lá tive que rever um outro programa do Clube dos Jornalistas, de Dezembro de 2004, sobre “O Jornalismo na Madeira”, moderado por Ribeiro Cardoso e onde participei. Ninguém nos ouviu, apesar dos depoimentos de José António Gonçalves e Tolentino da Nóbrega. Dizer a verdade sobre estes microcosmos do PSD é ser anarquista.