Set 09

Um quarto de hora antes dos votos, fantasmas de direita e preconceitos de esquerda

Cada um cumpriu as suas ordens de caça. O timoneiro procurou chamar à nau os dissidentes, sobretudo os que não votaram nas europeias. O abalroador pediu, ao eleitorado do PS, para abandonar a rota, porque sempre foi socialista, republicano e laico. Nenhum foi ao fundo. Mesmo sem revolta, a pirataria pode vir de outra velha nau, já cansada de viagens à volta da asfixia. Vale-nos as camas voadoras!

A segunda figura de Estado passou a ser citada. Não deve ter sido por aqueles devaneios sobre Bokassa. Insultos destes, um quarto de hora antes dos votos, são tiros nos pés, tanto para a “gaffe” como para os que querem pegar de cernelha. O seguro de vida do situacionismo não cobre situações de pandemia, mesmo que a ministra o estranhe, depois de declarar a coisa. Nem caldinhos de galinha lhes dão cautela…
Conheço bem o despotismo de todos. Conheço, de todos os dias, os césares de multidões. Sinto, todos os dias, a hipocrisia de quem os usa e deita fora. Sei o preço que os homens livres têm de pagar para os aturarem nos respectivos jogos de poder. A burricada reaccionária e a nostalgia revolucionária lá continuam a alimentar estes extremos, para que os familiares do situacionismo atinjam o princípio de Peter. E são muitos o emplastros que saem do oculto sem qualquer esoterismo. Fica o redondo do hermético e a farpa da metáfora.
O mistério eleiçoeiro está por um fio, preso a argumentos tão sábios como o velho e o novo, o macho e o feminino, o mano que queria ter ou a tia que nos mostra memórias de contas do avô tirano. Como não estou entalado entre preconceitos de esquerda e fantasmas de direita, eu, que nunca votaria no situacionismo, dos bonzos, dos endireitas e dos canhotos, ainda não sei onde votar. Mas nunca votarei o, do mal, o menos, em nome do pretenso útil que nos encavacou, à esquerda e à direita.