Qualquer Sebastião José, qualquer António de Oliveira Salazar e outros quejandos, de déspotas iluminados a mais rascas césares de multidões, rever-se-iam nas muitas sementes de micro-autoritarismo subestatal que por aí vão medrando debaixo da mesa do orçamento.
Só quem for cego, surdo e mudo é que não consegue vislumbrar segmentos coligativos de asfixias sociais, ditas democráticas, mesmo em coligações expressas ou tácitas de chefões que se dizem do PS com chefões que se dizem do PSD. Já os senti várias vezes no lombo. Isto é, sei de experiência vivida que pode haver uma democracia sem povo e até contra o povo, a tal democratura que é gerada pela doença da partidocracia.
Uns recobriam-se de esquerda revolucionária, mas amadurecerem como ministros da direita. Outros aderiram ao capitalismo pela corrupção negocista. Outros ainda invocaram a benção da sacristia, mesmo sem conversão. A opressão não é platónica. Faz sangrar.
Não sei se, nos recentes episódios, houve belenzada ou se tudo não passa de um pretexto para setembrizadas da viradeira. Umas das abriladas é que não é, com toda a certeza.
Preferia que tudo se resolvesse como em 9 de Setembro de 1836. Os deputados incorruptíveis desembarcavam no Cais das Colunas. O povo recebia-os com vivório e foguetório e, em procissão, com bandas filarmónicas, íamos aos paços da rainha, esta despachava os espiões da rainha Vitória que ensarilhavam a Corte e fazia-se uma governança de moralidade.
Neste reino por cumprir, temos que começar por restaurar a república. Porque, como dizia o Passos (Manuel): antes de sermos da direita ou da esquerda, somos da pátria. Viva a Revolução de Setembro! Abaixo o devorismo!