Jan 12

Viagem à Roda da Parvónia, levada à cena em 1879

Viagem à Roda da Parvónia, levada à cena em 1879

Por Guerra Junqueiro e Guilherme de Azevedo

 

“A minha questão é esta: pretendo fundar um banco que se deve intitular: – Sociedade de Agricultura do Pinhal da Azambuja, – destinado a fomentar a pobreza do país, a ruína dos accionistas e a prosperidade dos directores. O nosso programa é simples: levantar o mais que puder e pagar o menos que for possível: ao cabo de ano e meio fugimos e os accionistas são metidos na cadeia.” (Viagem à Roda da Parvónia)

‎”A intenção do autor da Viagem à Roda da Parvónia, enviando a repousar no remanso do Tribunal de Contas, um personagem tão francamente classificado no reino animal, não foi lançar um vitupério sobre aquela digna repartição, que não merecia decerto mais do que outras um tão lancinante epigrama.” (id.)

‎”No Tribunal de Contas jazem conselheiros, senhores oficiais de repartição e amanuenses, de juízo atilado e porte digno, mas como por outro lado aquela serena mansão é a aspiração comum de todos os políticos da Parvónia, sábios e ignorantes, de orelhas mínimas e de orelhas grandes, parece concluir-se daí que entre um burro e tão digno tribunal não há incompatibilidade de maior importância.”(id.)

“Dizei-me, senhores; o que era o deficit hontem ás 5 da manhã? Nada senhores! uma cousa ridicula, uma divida de ninharia que nos envergonhava – em face da Europa culta e de todas, as naç-òes do globo que caminham na vanguarda da bancarrota e do descrédito…

“… O deficit, senhores, vergonha é confessal-o, ainda hontem era apenas de, 720 réis, e era tão pouco tempo, graças á energia da situação que nos governa, eil-o transformado de 720 réis em 720 contos ! ”

‎”Sendo impossível a vida moderna sem o credito, e apparecendo o deficit em virtude das perturbações revolucionarias, internacionaes e agrícolas, não só, um partido não pode matal-o mas até o outro tem de o augmentar…

‎… Isto é elementar, consequente e tem a sua compensação no augmento das fontes de receita, equilibrando-se o deve e ha de haver, provando-se o aforismo económico — uma nação é tanto mais prospera quanto mais deve.”

‎”Na Parvónia, porem, não ha partidos que se digam conservadores; são todos progressistas, de sorte que a progressão do desenvolvimento politico-social é continua. Mas, como, pela ignorância dos nossos grandes homens e pelas circumstancias internacionaes, não se desenvolvem as industrias próprias, o crescimento progressivo dá-se unicamente na divida publica.”

‎… O único remédio possível seria pois chamar para a pasta da fazenda quem não tivesse a mais pequena noção de calculo. Simplício tem rasão.”

Jan 11

Vou partir amanhã para Vanuatu. Para a ilha do Espírito Santo

Marinho Pinto, em dias pares, certas derivas vocabulares de José Sócrates, para os não-pares, ou uma hora de televisão por cabo com Hugo Chávez em directo, como vi há dias, cheiram a esclarecidos despotismos dos irmãos-inimigos do caruncho que estraga madeiras e a muitos outros micro-autoritarismos sub-estatais que por aí vão sendo cogumelos…

A democracia não serve para ficarmos a saber quem manda. Serve para controlarmos o poder dos que mandam. Mesmo que sejam democraticamente eleitos. Nem a democracia nos livra dos marqueses. Pior ainda quando embrulham o despótico na iluminação ou esclarecimento. Leiam Camilo sobre o perfil do mesmo!

Vou partir amanhã para Vanuatu. Para a ilha do Espírito Santo. Vou à procura do eborense Pedro Fernandes Queirós (1563-1615) que lhe deu nome (Terra Austrália do Espírito Santo), enganando-se. Se eu soubesse alguma coisa da poesia australiana, comentaria James Phillip McAuley (1917 -1976) e o seu livro “Captain Quiros” (Sydney, Angus & Robertson, 1964).

A segunda e última capicua perfeita do ano: dia 11 do mês 1 do ano 11…

Cena nº 1 da campanha presidencial: um dos reverendos, em missionologia, desembarca numa das ilhas de Vanuatu.

Cena nº 2: no dia seguinte é vítima de horroroso massacre. Consta que foi ao fundo. Não teria estudado adequada antropologia melanésia.

“A minha questão é esta: pretendo fundar um banco que se deve intitular: – Sociedade de Agricultura do Pinhal da Azambuja, – destinado a fomentar a pobreza do país, a ruína dos accionistas e a prosperidade dos directores. O nosso programa é simples: levantar o mais que puder e pagar o menos que for possível: ao cabo de ano e meio fugimos e os accionistas são metidos na cadeia.” (Viagem à Roda da Parvónia)

Guerra Junqueiro e Guilherme de Azevedo já tinham antecipado esta nossa querida real república da parvónia…pena não termos a mesma língua afiada…

“Na Parvónia, porem, não ha partidos que se digam conservadores; são todos progressistas, de sorte que a progressão do desenvolvimento politico-social é continua. Mas, como, pela ignorância dos nossos grandes homens e pelas circumstancias internacionaes, não se desenvolvem as industrias próprias, o crescimento progressivo dá-se unicamente na divida publica.”

… O único remédio possível seria pois chamar para a pasta da fazenda quem não tivesse a mais pequena noção de calculo. Simplício tem rasão.”

Já cheguei. E aqui deixo o mapa. Já arranjei ligação para assistir ao leilão das dez e meia desta globalização de casino.

 

 

Jan 10

A melhor forma de comentarmos os delírios é fazermos, hoje, mera gestão de silêncios

Tudo pela humanidade, nada contra a nação!
No dia em que uma nova comunidade política está em autodeterminação, usando o voto para acabar com uma guerra e um genocídio, louvemos a superioridade da boa política. Hoje sou darfurense, até em nome da liberdade religiosa.

Grão a grão, enche a galinha da bancarrota o papo…

Campanhas presidenciais: por mais que se cantem as Janeiras, não há passeios grátis. Campanha negra quer dizer “Abyssus abyssum invocat”… Ler a nota de Jorge de Sá, comentando a sondagem de ontem…

Se tudo fosse a concurso público internacional, incluindo as governações e presidências, até o Pato Donald podia ser emplastro nesta pilatagem automática, quando o GPS avaria… Na I República até um capitão politiqueiro foi nomeado reitor de Coimbra. Estas notícias apenas confirmam o irrealismo da lei vigente.

Desonestos, loucos, ensalivados, suspendam a democracia da campanha. A melhor forma de comentarmos os delírios é fazermos, hoje, mera gestão de silêncios.

 

 

 

 

Jan 09

O “small is beautiful” pode reconstruir a Europa e o resto do mundo

Morreu o capitão de Abril, Vítor Alves. Um dos Nove, do grupo que nos ajudou a evitar a mais estúpida das guerras. A civil. Ganhou porque todos ganhámos. Não esquecerei.

O “small is beautiful” pode reconstruir a Europa e o resto do mundo. Mas não equivale aos (des)equilíbrios das hegemonias que nos condenaram a guerras civis mundiais…

Dividir para unificar é um dos pilares fundacionais do projecto europeu dos pós-guerras. E continua por cumprir. Os nacionalismos não podem ser soberanistas. E os eixos não podem falar através do Spiegel.

Notícias de um país profundo que usa a internet e não se mobiliza para mas campanhas presidenciais. Os bois são mansos…

As rodas do carro da política deixaram de rodar em torno do eixo do bem comum e todos nos vamos enrodilhando na esquina, a mexer na concertina. O Zé Povinho, fingindo-se adormecido, apenas está enjoado de tantas más acções. Vencer pode voltar a ser o ser vencido (quase tudo no DN de hoje, sobre campanhices e más acções).

No dia em que uma nova comunidade política está em autodeterminação, usando o voto para acabar com uma guerra e um genocídio, louvemos a superioridade da boa política. Hoje sou darfurense, até em nome da liberdade religiosa. A nação pode voltar a ser caminho para a super-nação futura. Tudo pela humanidade, nada contra a nação. Sejamos cidadãos do mundo.

Jan 08

Da esquerda que convém à direita e vice-versa

Algumas candidaturas que por aí campanham ainda não repararam que, no maquiavelismo conselheiral do que parece e não é, o tacticismo do curto prazo, acaba por ser, de um dia para o outro, além de má moral, pior política. Sobretudo num ambiente que volta a ser enredado pelas esquerdas e pelas direitas mais estúpidas do mundo. Até emergiu uma esquerda que convém à direita e que, caso não existisse, teria de ser inventada, para rimar com a hipocrisia de um tempo global, onde principais gestores do capitalismo internacional, do FMI ao BCE, são ilustres figuras do socialismo. Se me considero totalmente esclarecido com aquilo que Alegre disse sobre o agenciamento de homens das letras e das artes, à boa maneira do recrutamento da socialite para a comunicação social do cor de rosa, também estou inteiramente elucidado sobre aquilo que Cavaco vai dizendo, depois de proclamar que, aos costumes, apenas dirá o nada. Ambos caíram na mesma esparrela. Mas juro que, se era capaz de confiar a minha carteira a Cavaco, já não mandava Alegre verificar as próprias contas e jamais me depositaria junto de antigos e presentes amigos políticos do primeiro, tal como acho que certos propagandistas do segundo não têm futuro nem aquele pretérito perfeito de um Abril cumprido, com 25 de Novembro na hora certa. As rodas do carro da política deixaram de rodar em torno do eixo do bem comum e todos nos vamos enrodilhando na esquina, a mexer na concertina. O Zé Povinho, fingindo-se adormecido, apenas está enjoado de tantas más acções. Vencer pode voltar a ser o ser vencido.

Jan 08

Todo o poder instalado tende a apodrecer

O mundo das revistas cor de rosa e dos efebos foi manchado por uma tragédia, tipica das velhas crónicas de costumes. Esperemos que a justiça cumpra a sua função e sirva de exemplo. Guardemos, do assassinado cronista, o registo do génio. Ficámos todos mais pobres.

Políticos em exame de consciência. Que o movimento alastre. Seria mais fácil, para todos, que eles também mudassem por dentro e dessem o exemplo. Louvo a coragem da Drª Manuela. Sem ironia. Ela sisse muito mais do que o candidato da barriga de aluguer, talvez por já ter sido punida por erros clamorosos de comunicação.

Tenho aqui denunciado a indústria da parecerística, da consultadoria e do “outsourcing”. Parabéns ao DN e à Maria de Lurdes Vale. Identificando uma das parcelas clássicas dos grupos de pressão, compreendemos melhor o vazio de instrumentos analíticos a que chegámos. Já chega de hipócritas juridicismos que nem reparam como uma ditadura de meio século também foi um Estado de Legalidade…

Todo o poder instalado tende a apodrecer. E se apenas pedirmos a magistrados, a ministros e polícias que meçam a distância que vai entre aquilo que se proclama e aquilo que se pratica, maior será o concentracionarismo e a ditadura da incompetência. O Estado somos nós, mesmo quando apenas deixamos que Eles abusem.

Só agora vi a entrevista de Judite a Coelho. E lá tive que rever um outro programa do Clube dos Jornalistas, de Dezembro de 2004, sobre “O Jornalismo na Madeira”, moderado por Ribeiro Cardoso e onde participei. Ninguém nos ouviu, apesar dos depoimentos de José António Gonçalves e Tolentino da Nóbrega. Dizer a verdade sobre estes microcosmos do PSD é ser anarquista.

 

Jan 07

O bom e velho Estado

São 10 500 entidades das administrações central, local e regional, 1500 empresas públicas, cerca de 350 institutos e 1100 fundações e associações, com que o estadão se disfarça e nos vai sugando… O bom e velho estado. Desde as afundações aos pés de barro. Muita banha, pouco nervo e ossos descalcificados. O mostrengo resulta de acrescentarem órgãos para que se cumpram funções, pondo o carro à frente dos bois, marrando uns contra os outros e ninguém vendo os palácios diante das palhas, porque o aguilhão nos cega… Não vale a pena reformar muito do que deve apenas ser extinto. Muito menos seguir o conselho daquele economista, segundo o qual o problema reside nos funcionários e que apenas devemos esperar que eles morram… Se, segundo um cultor da ilustre ciência, é verdade que a longo prazo estamos todos mortos, seria preferível meter mãos à obra e determinar que, mesmo a curto prazo, podemos pôr o carro a andar em automobilização. Basta que o músculo movimente a banha e que o nervo seja superior à pança e que não voltem os fantasmas do velho Estado Novo que já não serve para o que foi criado. Desde logo porque há vários estados dentro do Estado e outros Estados acima do Estado. E que o Estado não são eles, devemos ser nós, os que efectivamente pagam…O mal volta a estar na manipulação do poder de sufrágio onde aqueles que, do monstro recebem, enganam os que continuam a ser impostados…O poder instalado já não resulta apenas da coacção directa dos que estão em cima sobre os que estão em baixo, mas antes da manha com que os persuadem e que está na face invisível da política, misturando ideologia com autoridade. Só voltará a democracia de confiança quando não nos deixarmos enganar quanto à prossecução dos nossos próprios interesses, desconstruindo a farsa que vai tramando o chamado interesse público, o que devia seguir de baixo para cima, em pública horizontalidade.

Jan 07

O bom e velho estado

O bom e velho estado. Excelente a fotografia do DN. Desde as afundações aos pés de barro. Muita banha, pouco nervo e ossos descalcificados. E ainda dizem que há fiscalizadores parlamentares, das contas ou judiciais…

 

São 10 500 entidades das administrações central, local e regional, 1500 empresas públicas, cerca de 350 institutos e 1100 fundações e associações, com que o estadão se disfarça e nos vai sugando…

 

O mostrengo resulta de acrescentarem órgãos para que se cumpram funções, pondo o carro à frente dos bois, marrando uns contra os outros e ninguém vendo os palácios diante das palhas, porque o aguilhão nos cega…

 

Não vale a pena reformar muito do que deve apenas ser extinto. Muito menos seguir o conselho daquele economista, segundo o qual o problema reside nos funcionários e que apenas devemos esperar que eles morram…

 

Se, segundo um cultor da ilustre ciência, é verdade que a longo prazo estamos todos mortos, seria preferível meter mãos à obra e determinar que, mesmo a curto prazo, podemos pôr o carro a andar em automobilização

 

Basta que o músculo movimente a banha e que o nervo seja superior à pança e que não voltem os fantasmas do velho Estado Novo que já não serve para o que foi criado.

 

Desde logo porque há vários estados dentro do Estado e outros Estados acima do Estado. E que o Estado não são eles, devemos ser nós, os que efectivamente pagam…

 

O mal volta a estar na manipulação do poder de sufrágio onde aqueles que, do monstro recebem, enganam os que continuam a ser impostados…

O poder instalado já não resulta apenas da coacção directa dos que estão em cima sobre os que estão em baixo, mas antes da manha com que os persuadem e que está na face invisível da política, misturando ideologia com autoridade.

 

Só voltará a democracia de confiança quando não nos deixarmos enganar quanto à prossecução dos nossos próprios interesses, desconstruindo a farsa que vai tramando o chamado interesse público, o que devia seguir de baixo para cima, em pública horizontalidade

Jan 07

Pudley

Do episódio das Pudley/BPP, apenas retiro que há agências de recrutamento de homens das artes e das letras que funcionam como as que promovem a socialite das revistas cor de rosa. Para que os primeiros dedilhem contra os nichos de mercado das ditas tias de Cascais e da Foz do Douro, com os seus eventos, a contado…

 

Se as primeiras continuarem a ser a esquerda e as segundas, a direita, compreenderei melhor a decadência…

 

Da direita que convém à esquerda, do vice-versa e do vira o disco e toca o mesmo, sempre à esquina, a mexer na concertina…

 

Considero-me totalmente esclarecido com aquilo que, ontem, Alegre disse na RTP. Fiquei hoje totalmente elucidado com aquilo que Cavaco disse na TSF. Ambos caíram na mesma esparrela. Ambos perderam.

 

Infelizmente, há por aí muitos restos das direitas e das esquerdas mais estúpidas do mundo. Alguns conselheiros de certa direita cobarde ainda são arrependidos da extrema-esquerda de que sempre desconfio. Até porque andam de braço dado com os tradicionais inimigos: os agentes do fanatismo, da ignorância e da tirania!

 

Nunca deixarei de atribuir a Alegre a dimensão do pretérito perfeito de um Abril que vai de Salgueiro Maia a Melo Antunes, com Jaime Neves na hora certa. E não deixarei de resistir aos tropas que não quiseram cumprir a voz do povo, medida pelas eleições livres de 25 de Abril de 1975 e aos que sempre nos instrumentalizaram para um regresso à ditadura

 

Cavaco e Alegre, bem como ilustres apoiantes dos mesmos, estiveram na mesma barricada a 25 de Novembro de 1975. Por favor, não deixem que a liberdade conquistada por valores mais altos, possa ser enredada pelas conveniências populistas, arrivistas e demagógicas, de que só beneficiarão os inimigos da democracia, à direita e à esquerda.

 

Confesso que eu próprio nunca poderia ser actor político, porque faço tantas confusões de verificação de contas como Alegre. Confesso que também era capaz de confiar a minha carteira a Cavaco. Mas nunca confiarei politicamente nalguns dos propagandistas recentes de Manel. E jamais confiaria a minha carteira a antigos e presentes amigos políticos de Aníbal.

 

Ouvi e vi o comunista da Madeira, vestido de Tiririca, que teve a coragem de se mostrar inteiro. Espero que os controleiros constitucionais das magistraturas tenham feito adequado registo, para os devidos efeitos. É tudo bem mais grave do que as Pudley e as compras e vendas de acções de Aníbal

 

Os casos que atrapalham Alegre e Cavaco são desses normais-anormais que cabem ao jornalismo de investigação. E por acaso foram por ele descobertos, em quase todos os contornos. Só que agora há os altifalantes de campanha, agitados pelos dos respectivos campanheiros e deputados, em agitprop, dita publicidade. E os publicitários políticos são sempre uns exagerados.

 

Não desconfio minimamente de Cavaco e de Alegre enquanto pessoas. Todos confirmam como meteram os dois o ilustre pé no lodaçal de um novo tempo político já sem a grandeza de outras eras. Outrora, ninguém atacou Soares com os argumentos do livro de Rui Mateus e muito bem.

Muitas entradas de leão, algumas saídas de … rasteiro, nestes soldados da política que não se desviaram de certas minas, de alguns desvios de armamento e de ataques furtivos, típicos da guerra subversiva. Não dá o bate e foge das auditorias a que só alguns têm acesso e todos podem saber porquê.

 

Alerta de tsunami. Querem tapar as fendas de muitos gigantes com pés de barro, depois de utilização de bombardeiros para afastamento de nuvens de insectos. Os pássaros apenas caíram por causa do fogo de artifício. Mas em Lisboa já troveja.

 

Para os que não podem espreitar Plutarco, aqui deixo o título das três obras: “Como Distinguir um Adulador de um Amigo” (leitura obrigatória entre os habituais sindicatos de elogio mútuo, como na política e na universidade), “Como Retirar Benefícios dos Inimigos” (de grande utilidade nas presidenciais) e “Acerca do Número Excessivo de Amigos” (sobretudo para agências internéticas de criação de listas).

Jan 07

O mostrengo, entre Cavaco e Alegre

Guião da campanha negra do BPN é igual ao do Freeport, principalmente no tocante aos arautos e propagandistas menores, aos mais assanhados “istas” dos respectivos chefes. Confirma-se que são meros irmãos-inimigos que andam a roubar “posts” uns aos outros. Mas quem com ferro tenta matar, com ferro vai amargurando. Basta ir aos arquivos dos “diários da manhã”…

Só voltará a democracia de confiança quando não nos deixarmos enganar quanto à prossecução dos nossos próprios interesses, desconstruindo a farsa que vai tramando o chamado interesse público, o que devia seguir de baixo para cima, em pública horizontalidade

Desde logo porque há vários estados dentro do Estado e outros Estados acima do Estado. E que o Estado não são eles, devemos ser nós, os que efectivamente pagam…

O mostrengo resulta de acrescentarem órgãos para que se cumpram funções, pondo o carro à frente dos bois, marrando uns contra os outros e ninguém vendo os palácios diante das palhas, porque o aguilhão nos cega…

São 10 500 entidades das administrações central, local e regional, 1500 empresas públicas, cerca de 350 institutos e 1100 fundações e associações, com que o estadão se disfarça e nos vai sugando…

O bom e velho estado. Excelente a fotografia do DN. Desde as afundações aos pés de barro. Muita banha, pouco nervo e ossos descalcificados. E ainda dizem que há fiscalizadores parlamentares, das contas ou judiciais…

O regime dos assessores, acedentes e incidentes tem destas trapalhadas que a procura de um melhor regime nunca teria… A miniatura que acompanha a ligação não é inocente. Foi tirada ao espelho.

Do episódio das Pudley/BPP, apenas retiro que há agências de recrutamento de homens das artes e das letras que funcionam como as que promovem a socialite das revistas cor de rosa. Para que os primeiros dedilhem contra os nichos de mercado das ditas tias de Cascais e da Foz do Douro, com os seus eventos, a contado…

Considero-me totalmente esclarecido com aquilo que, ontem, Alegre disse na RTP. Fiquei hoje totalmente elucidado com aquilo que Cavaco disse na TSF. Ambos caíram na mesma esparrela. Ambos perderam.

Infelizmente, há por aí muitos restos das direitas e das esquerdas mais estúpidas do mundo. Alguns conselheiros de certa direita cobarde ainda são arrependidos da extrema-esquerda de que sempre desconfio. Até porque andam de braço dado com os tradicionais inimigos: os agentes do fanatismo, da ignorância e da tirania!

Nunca deixarei de atribuir a Alegre a dimensão do pretérito perfeito de um Abril que vai de Salgueiro Maia a Melo Antunes, com Jaime Neves na hora certa. E não deixarei de resistir aos tropas que não quiseram cumprir a voz do povo, medida pelas eleições livres de 25 de Abril de 1975 e aos que sempre nos instrumentalizaram para um regresso à ditadura

Cavaco e Alegre, bem como ilustres apoiantes dos mesmos, estiveram na mesma barricada a 25 de Novembro de 1975. Por favor, não deixem que a liberdade conquistada por valores mais altos, possa ser enredada pelas conveniências populistas, arrivistas e demagógicas, de que só beneficiarão os inimigos da democracia, à direita e à esquerda.

Confesso que eu próprio nunca poderia ser actor político, porque faço tantas confusões de verificação de contas como Alegre. Confesso que também era capaz de confiar a minha carteira a Cavaco. Mas nunca confiarei politicamente nalguns dos propagandistas recentes de Manel. E jamais confiaria a minha carteira a antigos e presentes amigos políticos de Aníbal.