A Convençaõ do PS, ontem, assumiu ritmo esotérico, denunciando a heresia maneleira, porque a mesma usurparia o título divino quando diz “Eu sou a Verdade”. E, ao milenarismo, responderam com o serem avançados, naõ sei se mentais. Uns estão na Utopia (do Maio 68), outros no Milénio. Uns querem a planificação dos iluminados, outros, a tempestade que nos afastará dos pecados. Uns com nostalgia da Mãe, outros, com saudades do Pai…
Por tanta escatologia é que a líder do PSD se enreda em coisas como as que foi dizer ao “bastião inamovível” do “bom governo PSD”, a Madeira, onde não haveria asfixia democrática, dada a existência de jornais da oposição. Por outras palavras, admite a ditadura das maiorias, porque tudo mede com o voto que tudo ordena. Eu pensava que, na democracia, interessava menos a resposta ao quem manda e mais ao como se controla o poder dos que mandam. Mas compreendo, a principal líder da oposição estava a querer mandar uma de subliminar para a questão da M. M. Guedes, coisa de que discordo, porque o Jornal Nacional da TVI de sexta não era propriamente a voz da oposição…
A hipocrisia inquisitorial ainda manda que ninguém manifeste sinais exteriores das suas convicções íntimas. Porque nunca extirpámos a raiz dessa servidão voluntária, mantendo a fortaleza do Rossio mesmo depois dos decretos estaduais que extinguiram a polícia do pensamento. Porque permaneceu o sub-sistema de medo dentro de cada um, venceram os adesivos e os viracasacas…
Depois de despotismos iluminados de curta duração, sucedem-se quase sempre viradeiras de provisórios definitivos, como foi o salazarismo, onde há sempre pinas maniques e preconceitos de ordem que, através do neofeudalismo da anarquia ordenada, permitem a continuidade dos familiares, dos moscas, dos formigas e dos bufos. Infelizmente ainda somos pós-inquisitoriais, pós-autoritários e pós-totalitários. Temos medo!