Mar 16

Esclareço que entendo devermos mudar imediatamente o estado a que chegámos

“O Ministério das Finanças esclarece que entende não existirem quaisquer incompatibilidades ou conflitos de interesses entre este cargo e as funções de consultoria”. Gosto do esclareço que entendo. Aliás, todos os cargos ministeriais deveriam ser em “a tempo parcial” com qualquer outra consultoria. Até podiam mudar as sedes da soberania para os consultórios. De uma qualquer clínica supranacional. Eu também esclareço que entendo. Ainda hei-de ver certos ministros como caixas de supermercado. Em consultoria.

Esclareço que entendo devermos mudar imediatamente o estado a que chegámos. Mesmo antes de mais uma comissão parlamentar de inquérito a consultorias.

Sou tão liberal que exijo os mínimos de supremacia do poder político sobre o poder económico.

As repúblicas dos bananas são apenas na banda desenhada.

Detesto o Estado-Partido, o Estado dos Partidos e, por maioria de razão, o Estado das Forças Vivas. Incluindo as versões banco-burocráticas.

Democracia não é oligarquia. E, muito menos, plutocracia. Nacional, ou multinacional.

Um reformou mais, desde que lá está, que toda a pátria em quase novecentos anos; o outro que é o mais descentralizador de todos; e um terceiro sente que o que está a fazer incomoda. Eu só sei que nada sei, mas mesmo assim sou capaz de saber que os que dizem saber apenas manifestam que não sabem. O parvo continuo a ser eu e todos os que lhes pagam, à força, para tanta prosápia.

Desculpem esta meditação multinacional e com pitadas de geofinança sobre o estado a que chegámos. Imagem de 1907, com forças vivas, armazém de vinhos e casa de câmbio. Na altura, já estávamos sob os efeitos da bancarrota, os adiantamentos à casa real, etc., mas havia muita alegria no trabalho, ainda sem FNAT e serões para trabalhadores.

Os meus avós andavam na Revolta do Grelo, misturando memórias da Patuleia com misticismo carbonário. Ainda usaram a sacholada em 1936-1938.  Depois, foram para o desterro. Uns, cá dentro.

Mar 16

O retrato do actual regime em mesa de pano dourado

O retrato do actual regime. O finlandês até citou Fernando Pessoa. Não foi na parte em que ele disse que Jesus Cristo não percebia nada de finanças.

Quando não se usam os auscultadores da tradução simultânea chegamos à conclusão que há pilares da ponte do tédio. Um estava a pensar na morte da bezerra. Outro, no discurso de Otelo…

Eu li a dissertação de Oli Rehn em Oxford…

Se calhar disseram-lhe que por cá não há liberais que lhe batam… (deve ter sido um dos assessores de Bar-Roso)

Deviam ter posto na mesa um jarrão com cravos “marca Salgueiro Maia” e, em vez do plástico da água engarrafada, uma garrafinha de cristal com água “marca Delcano”.

Digam-me qual é o patrão e depois verificaremos que é o mesmo patrão que nos manda a poeira dos carimbos ideológicos. Sempre foi assim. Na subversão. O patrão escolhe sempre um tipo de outro carimbo. Tipo américas com o Bin Laden. S´reparam nisso quando o tiro sai pela culatra. Mas não estou disposto a discutir a liderança da União Europeia por ex-maoístas.

Mar 16

A notícia do dia não é mais Salazar, é Otelo

Otelo Saraiva de Carvalho

A notícia do dia não é mais Salazar, é Otelo. Mas se alguém julga que me vou indignar, tirai o cavalinho da chuva que tarda. Apenas observo que ele ainda é do tempo de Salazar. O medo do golpe da tropa já não guarda a vinha. Tal como o medo da subversão operária ou camponesa. Por isso é que há as actuais facturas de electricidade e nos pomos todos de cócoras quando somos visitados pelo comissário Oli Rehn. Mas o cantarinho tantas vezes vai à fonte que um dia a velhinha que o carrega fica menos segura, escorrega e a bilha quebra. Nesse dia, tudo ficará em cacos, sem as habituais cunhas que nos seguram.

 

Em 1974, o poder todo, o da linha de comando que ia do Minho a Timor, e com três frentes de guerra, cabia todo dentro de uma Chaimite, no país mais absurdamente concentracionário e salazarento do mundo. Até se fez uma revolução que, segundo Mário Sottomayor Cardia, foi uma espécie de subversão a partir do aparelho de poder. Tanto foi patético o capitão arvorado em general a comandar o COPCON, o dos mandatos de captura em branco, como a precedente brigada do reumático, enobrecendo a acção patriótica do Seenhor Presidente do Conselho. Isto é, o Estado não passava de uma autarquiazinha, bem local. Infelizmente, houve sucessivas guerras por procuração que nos trataram como peões de um jogo de xadrez da guerra fria, sobretudo a nós, angolanos, a nós moçambicanos e a nós guineenses, para além do massacre de duzentos mil timorenses. Logo, nunca mais. Sou contra as revoluções egoístas!

Mar 16

Adelino Maltez: “Portugal é governado pela Troika”

Adelino Maltez: "Portugal é governado pela Troika"

Por Paulo Camões – jpn@icicom.up.pt
Publicado: 15.03.2012 | 17:09 (GMT)
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José Adelino Maltez acredita que não existem condições para um novo 25 de Abril. Numa altura em que Otelo Saraiva de Carvalho volta a apelar a uma atuação das Forças Armadas, o politólogo diz que o país mudou completamente.

O coronel Otelo Saraiva de Carvalho voltou, esta quarta-feira, a lembrar a necessidade de uma tomada de posição mais forte por parte das Forças Armadas. Numa palestra em Coimbra, Otelo considerou que existe, neste momento, “uma perda de alta soberania” em Portugal. O “Capitão de abril” acredita que “há uma submissão grande em relação à grande potência atual da Europa, que é a Alemanha”, e que as Forças Armadas devem estar prontas para atuar, através de “uma operação militar que derrube o governo”.

O politólogo e professor do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), José Adelino Maltez, não acredita que existam, hoje, condições para um cenário tão radical. “Este é outro país. É um país onde a revolta é completamente inorgânica e que não tem a acompanhá-la um sistema de opinião e de cultura como aquele que procedeu o derrube do regime de Salazar”, afirma.

O docente do ISCSP lembra o 12 de março de 2011, afirmando que, “há um ano, tivemos 300 mil pessoas na rua, algo que nem antes de 1974 tinha acontecido, e pouco mudou”. Adelino Maltez diz que Portugal é, neste momento, um país “governado pela Troika”. Na opinião do especialista em ciência política, qualquer tipo de mudança “implicaria uma mudança europeia”, já que a maioria dos mecanismos de poder “já não são nacionais”.

O JPN falou, também, com José Adelino Carneiro, outro “Capitão de abril”, que, apesar do passado comum, discorda das palavras do coronel Otelo. “Hoje em dia, não existem razões para acontecer aquilo que se passou na altura da revolução de 1974″, diz. O agora coronel não confia nas capacidades dos políticos atuais para resolver a crise que o país atravessa, mas assegura que a “solução não passa por um outro 25 de abril”.

“Os donos do poder sentem-se seguros de que nada vai mudar”

Portugal atravessa uma das piores crises de que há memória e o descontentamento social continua a aumentar, numa altura em que o desemprego atinge máximos históricos. No entanto, José Adelino Maltez considera que hoje existe uma “anomia social” muito grande e que o “sistema partidário é muito conservador”, acrescentando que os “donos do poder”, como refere, “até acham piada a estas declarações do Otelo, porque sabem que nada vai mudar”.

O ministério Público abriu, em janeiro, um inquérito às declarações de Otelo Saraiva de Carvalho, numa entrevista à Agência Lusa em novembro. Na altura, o coronel alertou para a possibilidade de um golpe militar caso fossem ultrapassados certos limites. Desta vez, Otelo afirma que esses limites “estão a ser ultrapassados”. José Adelino Maltez ironiza. “Há 35 anos que o coronel faz parte da nossa paisagem”.

Apesar disso, afirma que não quer entrar no que considera ser um “novo desporto nacional de criticar Otelo”. “Quando há gente que diz o que pensa, pelo menos temos que ouvir e respeitar, e a verdade é que, por um lado, ele faz-nos pensar”, finaliza.