O Conselho de Ministros criou um pequeno conselho, também de ministros, dito “comissão-chapéu”, de sete ministérios, para coordenar o que devia ser cumprido por uma estrutura institucional, isto é, por um ministério, com consciência, memória e valores, ou seja, uma instituição que, além do nome, tivesse ideia de obra, ou de empresa, comunhão entre os servidores, bem como estatutos que se cumprissem. Gerou-se assim mais um segmento de estadão paralelo, nos interstícios do estado a que chegámos, onde os ministérios podem não passar de uma confederação de secretários de Estado e onde o governo corre o risco de tornar-se mera confederação de personalizações ministeriais de poder, isto é, uma governança sem governo. Enquanto um artigo da Constituição permitir que a estrutura dos ministérios dependa do decreto de nomeação dos ministros, há tantos desmantelamentos de ministérios quanto os governos e as remodelações dos ditos. Basta visitarmos um dos armazéns do Terreiro do Paço para utilizarmos as placas arquivadas dos ditos para uma exposição de Joana Vasconcelos sobre este falso “simplex”. Todas as revoluções são pós-revolucionárias, até que chegue mais um governo provisório, assente num adequado contrato social, que viva como pensa e endireite o ovo com um simples furo na sua base. Uma cereja adocicada em cima do bolo da branda incompetência não passa de flor na botoeira, quando chapéus há muitos, até para “uma reprogramação mais funda dos fundos” onde “o nível de execução foi extremamente avançado”.