O estadão é um estado de espírito que se produz a si mesmo

Só comentaria remodelações se estas fossem como as dos ministros da Dilma. Já passei a contagem para a segunda mão, mas ela continua em reforçado estado de graça. Aqui é só cooperação estratégica com Belém e os consequentes pronunciamentos declaratórios.

O estadão é um estado de espírito que se produz a si mesmo, através de um interacção circular e fechada, onde há um mero código binário onde os conservadores do que está monopolizam a ideia de reforma e de avaliação das próprias excrescências donde brotaram, numa clausura auto-reprodutiva. Quem lhe põem em cima vai fazer, de cima para baixo, o que fez em baixo. E quem o assume como paradigma, mesmo que esteja muito acima, continua a pensar baixinho. Nem vale a pena recordar. O que é óbvio não precisa de ser demonstrado. Precisamos é de extinguir o centro do foco que nos contamina.

Fico com azia quando ouço notícias sobre a nomeação em exclusividade de hierarca dos partidos do situacionismo para as directorias que restam. Não que o anterior situacionismo não tivesse feito o mesmo. Mas porque o actual situacionismo foi eleito precisamente porque prometeu acabar com o “spoil system”. Não tarda que numa operação de cosmética faça uma qualquer nomeação de sujeitos do anterior situacionismo para qualquer coisa. Naturalmente, vão escolher um qualquer que no antes escolheu alguns dos que estão. Era mais justo formalizarem o “spoil system”. Ficava mais barato. E não fingiam que o Estado era “racional-normativo”, onde a competência substituiria os valores feudais da lealdade. Só os parvos é que votaram neste mais do mesmo. Eu já fui parvo.

Começo a sentir necessidade de um qualquer movimento cívico ou político que consiga cumprir aquilo que promete, no âmbito da minha concepção do mundo e da vida. Não me obriguem a ter de votar em Louçã ou em Jerónimo!

Há coisas que irritam mesmo o sistema. Nomeadamente quando lhe pomos um espelho à frente. E eles se miram. Marram logo.

Náufrago, depois de afundar o navio que ele comandava, quando o fez aproximar do seu quintal, diz, agora, que está farto da marinha mercante e de cruzeiros. Diz que tem carta de piloto e que vai mudar de ramo, ascendendo a pára-quedista. Há quem se fie na virgem e reze para que chova. Eu apenas lhe ofereço um Zé povinho feito com os detritos que ele provocou.

 

 

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