Não se preocupem. Isto não piorou. Está como sempre esteve.

Entre a espera e a revolta, lá inventario as atitudes dos pequenos mandarins do Leviathan, os que, para exercerem a vindicta, usam o despacho contra o regulamento, o regulamento contra a lei, a lei contra o direito e o direito contra a justiça, lavando as mãos como Pilatos, mas ascendendo sempre a conceptores e executores da dita razão de Estado, neste pantanoso sistema que nos usurpou a república e faz apodrecer a democracia. Texto de há um lustro.

Escrevi o texto anterior há cinco anos. Sobre um dos meandros do socratismo, quando ele se enredava na política de imagem, sondagem e sacanagem. Repito-o quando, um lustro volvido, o passismo, acrescentando à tríade, os recursos ressequidos da camaradagem, da espionagem e da conselheiragem, repesca os mesmos causadores da persiganga, para efeitos de nomeação, embora finja outra narrativa. No macro, agora, como, outrora, no micro, o situacionismo continua, dizendo que mudámos, para que tudo continue na mesma.

Continuamos minados pela pequenez da federação de comadres e compadres dos sucessivos micro-autoritarismos sub-estatais, embriagados pela febre da vontade de poder. Não tarda que recebamos lições de moral emitidas por embriagados fascistas e folclóricos cobardes que mandam assassinar amigos em nome da razão de Estado. Texto de há um lustro sobre quem continua a dar maus exemplos, mesmo mudando de sinal.

Não se preocupem. Isto não piorou. Está como sempre esteve. Com a oleosidade de sempre. E os agentes do costume. Deitam os foguetes e querem apanhar as canas. E chamam festa ao evento que nos desgraça. Os impostados continuam a bater palmas.

Escrever é exercício de eternidade e pode ser expressão de profecia, mesmo para quem não queira ser profeta e não se queira deter no apocalíptico dos milenarismos, cujos rituais não me mobilizam, apesar de os reconhecer como antídoto ao dogma, com seus catecismos e apologetas, sempre com necessidade de uma disciplina doutrinária e de uma legião de sargentes que eles licenciem. É o que recordo em tempo de domínio dos seminaristas de sempre com as suas escolas de regime.

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