Campanha Pimba
Porque em Portugal continua a ser impossível a emergência de um grito de revolta liberdadeiro, como se expressa no chamado partido pirata da democracia sueca (http://www.piratpartiet.se), sou obrigado a sorrir entristecidamente com a polémica que rodeia o imposto “vital”, quase tão nebuloso para as massas que vão às feiras, quanto o testamento homónimo que o parlamento aprovou.
Noto que, na verdade, já pagamos impostos europeus, sem qualquer clandestinidade, desde a hora da adesão. Porque toda transferência de soberania para uma comunidade política supra-estadual implica a inevitável democracia fiscal desta, apenas lamentando não haver um adequado imposto mundial que bem poderia incidir sobre as transacções bolsistas, conforme propostas de um prémio Nobel. Um qualquer federalista ou um qualquer adepto de certos segmentos de república universal não pode desejar outra coisa, caso não padeça do pecado da hipocrisia.
Claro que o Professor Vital, ao pisar o risco dos qualificativos serenos e ao confundir o partido concorrente com as zonas de roubalheira, ficou tão excitado que até trocou o Leste com o Oeste alentejanos dizendo que as Minas de São Domingos são as de Aljustrel, talvez porque no subconsciente estavam as dos romances do volfrâmio de mestre Aquilino Ribeiro, que até rimam com Cova da Beira. Naturalmente, o adversário chama um figo a esses jogos florais e, com o verrinoso da Foz do Douro, mas sem pronúncia à moda do Norte, replicará com nova facada verbal, para que Manuel Alegre conclua, e muito bem, que nenhum deles está a querer discutir o mandato para a Europa que pedem ao povo. Por estas e por muitas outras, somos obrigados a concluir que esta campanha não tem passado de um péssimo filme de série B, dependente das cenas de outras longas metragens, desde o BPN ao abortado parto da eleição do novo Provedor de Justiça, neste mais do mesmo que nos vai minguando em entusiasmo cívico.