Ontem me reaprendi, porque a sabedoria não a recebemos apenas, somos recebidos, em comunidade ou irmandade. Parece que muitos esqueceram que a coisas pública assenta em pedras vivas e não em números ou abstracções. Só há colectivos e instituições se houver pessoas que se assumam como o “indivisus” da liberdade de consciência.
Monthly Archives: Março 2012
Esclareço que entendo devermos mudar imediatamente o estado a que chegámos
“O Ministério das Finanças esclarece que entende não existirem quaisquer incompatibilidades ou conflitos de interesses entre este cargo e as funções de consultoria”. Gosto do esclareço que entendo. Aliás, todos os cargos ministeriais deveriam ser em “a tempo parcial” com qualquer outra consultoria. Até podiam mudar as sedes da soberania para os consultórios. De uma qualquer clínica supranacional. Eu também esclareço que entendo. Ainda hei-de ver certos ministros como caixas de supermercado. Em consultoria.
Esclareço que entendo devermos mudar imediatamente o estado a que chegámos. Mesmo antes de mais uma comissão parlamentar de inquérito a consultorias.
Sou tão liberal que exijo os mínimos de supremacia do poder político sobre o poder económico.
As repúblicas dos bananas são apenas na banda desenhada.
Detesto o Estado-Partido, o Estado dos Partidos e, por maioria de razão, o Estado das Forças Vivas. Incluindo as versões banco-burocráticas.
Democracia não é oligarquia. E, muito menos, plutocracia. Nacional, ou multinacional.
Um reformou mais, desde que lá está, que toda a pátria em quase novecentos anos; o outro que é o mais descentralizador de todos; e um terceiro sente que o que está a fazer incomoda. Eu só sei que nada sei, mas mesmo assim sou capaz de saber que os que dizem saber apenas manifestam que não sabem. O parvo continuo a ser eu e todos os que lhes pagam, à força, para tanta prosápia.
Desculpem esta meditação multinacional e com pitadas de geofinança sobre o estado a que chegámos. Imagem de 1907, com forças vivas, armazém de vinhos e casa de câmbio. Na altura, já estávamos sob os efeitos da bancarrota, os adiantamentos à casa real, etc., mas havia muita alegria no trabalho, ainda sem FNAT e serões para trabalhadores.
Os meus avós andavam na Revolta do Grelo, misturando memórias da Patuleia com misticismo carbonário. Ainda usaram a sacholada em 1936-1938. Depois, foram para o desterro. Uns, cá dentro.
O retrato do actual regime em mesa de pano dourado
O retrato do actual regime. O finlandês até citou Fernando Pessoa. Não foi na parte em que ele disse que Jesus Cristo não percebia nada de finanças.
Quando não se usam os auscultadores da tradução simultânea chegamos à conclusão que há pilares da ponte do tédio. Um estava a pensar na morte da bezerra. Outro, no discurso de Otelo…
Eu li a dissertação de Oli Rehn em Oxford…
Se calhar disseram-lhe que por cá não há liberais que lhe batam… (deve ter sido um dos assessores de Bar-Roso)
Deviam ter posto na mesa um jarrão com cravos “marca Salgueiro Maia” e, em vez do plástico da água engarrafada, uma garrafinha de cristal com água “marca Delcano”.
Digam-me qual é o patrão e depois verificaremos que é o mesmo patrão que nos manda a poeira dos carimbos ideológicos. Sempre foi assim. Na subversão. O patrão escolhe sempre um tipo de outro carimbo. Tipo américas com o Bin Laden. S´reparam nisso quando o tiro sai pela culatra. Mas não estou disposto a discutir a liderança da União Europeia por ex-maoístas.
A notícia do dia não é mais Salazar, é Otelo
A notícia do dia não é mais Salazar, é Otelo. Mas se alguém julga que me vou indignar, tirai o cavalinho da chuva que tarda. Apenas observo que ele ainda é do tempo de Salazar. O medo do golpe da tropa já não guarda a vinha. Tal como o medo da subversão operária ou camponesa. Por isso é que há as actuais facturas de electricidade e nos pomos todos de cócoras quando somos visitados pelo comissário Oli Rehn. Mas o cantarinho tantas vezes vai à fonte que um dia a velhinha que o carrega fica menos segura, escorrega e a bilha quebra. Nesse dia, tudo ficará em cacos, sem as habituais cunhas que nos seguram.
Em 1974, o poder todo, o da linha de comando que ia do Minho a Timor, e com três frentes de guerra, cabia todo dentro de uma Chaimite, no país mais absurdamente concentracionário e salazarento do mundo. Até se fez uma revolução que, segundo Mário Sottomayor Cardia, foi uma espécie de subversão a partir do aparelho de poder. Tanto foi patético o capitão arvorado em general a comandar o COPCON, o dos mandatos de captura em branco, como a precedente brigada do reumático, enobrecendo a acção patriótica do Seenhor Presidente do Conselho. Isto é, o Estado não passava de uma autarquiazinha, bem local. Infelizmente, houve sucessivas guerras por procuração que nos trataram como peões de um jogo de xadrez da guerra fria, sobretudo a nós, angolanos, a nós moçambicanos e a nós guineenses, para além do massacre de duzentos mil timorenses. Logo, nunca mais. Sou contra as revoluções egoístas!
Adelino Maltez: “Portugal é governado pela Troika”
Publicado: 15.03.2012 | 17:09 (GMT)
José Adelino Maltez acredita que não existem condições para um novo 25 de Abril. Numa altura em que Otelo Saraiva de Carvalho volta a apelar a uma atuação das Forças Armadas, o politólogo diz que o país mudou completamente.
O coronel Otelo Saraiva de Carvalho voltou, esta quarta-feira, a lembrar a necessidade de uma tomada de posição mais forte por parte das Forças Armadas. Numa palestra em Coimbra, Otelo considerou que existe, neste momento, “uma perda de alta soberania” em Portugal. O “Capitão de abril” acredita que “há uma submissão grande em relação à grande potência atual da Europa, que é a Alemanha”, e que as Forças Armadas devem estar prontas para atuar, através de “uma operação militar que derrube o governo”.
O politólogo e professor do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), José Adelino Maltez, não acredita que existam, hoje, condições para um cenário tão radical. “Este é outro país. É um país onde a revolta é completamente inorgânica e que não tem a acompanhá-la um sistema de opinião e de cultura como aquele que procedeu o derrube do regime de Salazar”, afirma.
O docente do ISCSP lembra o 12 de março de 2011, afirmando que, “há um ano, tivemos 300 mil pessoas na rua, algo que nem antes de 1974 tinha acontecido, e pouco mudou”. Adelino Maltez diz que Portugal é, neste momento, um país “governado pela Troika”. Na opinião do especialista em ciência política, qualquer tipo de mudança “implicaria uma mudança europeia”, já que a maioria dos mecanismos de poder “já não são nacionais”.
O JPN falou, também, com José Adelino Carneiro, outro “Capitão de abril”, que, apesar do passado comum, discorda das palavras do coronel Otelo. “Hoje em dia, não existem razões para acontecer aquilo que se passou na altura da revolução de 1974″, diz. O agora coronel não confia nas capacidades dos políticos atuais para resolver a crise que o país atravessa, mas assegura que a “solução não passa por um outro 25 de abril”.
“Os donos do poder sentem-se seguros de que nada vai mudar”
Portugal atravessa uma das piores crises de que há memória e o descontentamento social continua a aumentar, numa altura em que o desemprego atinge máximos históricos. No entanto, José Adelino Maltez considera que hoje existe uma “anomia social” muito grande e que o “sistema partidário é muito conservador”, acrescentando que os “donos do poder”, como refere, “até acham piada a estas declarações do Otelo, porque sabem que nada vai mudar”.
O ministério Público abriu, em janeiro, um inquérito às declarações de Otelo Saraiva de Carvalho, numa entrevista à Agência Lusa em novembro. Na altura, o coronel alertou para a possibilidade de um golpe militar caso fossem ultrapassados certos limites. Desta vez, Otelo afirma que esses limites “estão a ser ultrapassados”. José Adelino Maltez ironiza. “Há 35 anos que o coronel faz parte da nossa paisagem”.
Apesar disso, afirma que não quer entrar no que considera ser um “novo desporto nacional de criticar Otelo”. “Quando há gente que diz o que pensa, pelo menos temos que ouvir e respeitar, e a verdade é que, por um lado, ele faz-nos pensar”, finaliza.
Marca Salazar
A notícia da tarde é essa, vinda de Santa Comba, a dos vinhos da “marca Salazar” que podem voltar a “dar de comer a um milhão de portugueses”. Por acaso, em Coimbra, terra natal de Álvaro Cunhal, em vez de vinhos, podem ser morangos “marca Cunhal”. No Porto, tripas “marca Pinto da Costa”. E em Boliqueime, passas “marca Cavaco”. Até Portugal pode transformar-se numa república “marca Passos”.
Para compensar a imagem de cima, o anti-Salazar “em flagrante de litro”.
Ensino “marca Salazar”. É ser catedrático, sem nunca ter feito doutoramento, aproveitando o buraco de um dos decretos extraordinários da I República. E depois ser o paradigma de uma pretensa república de catedráticos. A música celestial continua. Ninguém discute o que Sua Excelência o Senhor Presidente do Conselho decreta como Deus, como Pátria e como Família. Reumático apenas brigada e a Veneranda Figura empolga! Eles andam por aí e todos os engraxam.
E continuam a ser nomeados. Por convite. Porque há uma regra que permite, por favor do dono, escapar à regra. Felizmente, não há almirantes convidados nem generais convidados. Mas os almirantes e os generais adoram ser convidados.
Não sabem é de uma fábricas em Espanha que os reciclam para exportação, com rótulo e tudo. Mesmo alguns que aqui chumbaram. Depois, apenas são objecto de registo. A fábrica já funcionava nos tempos de Franco. A convite. Por acaso, a vontade colonizadora era a mesma. E quanto mais dóceis, melhor!
Eu até conheço um que daqui foi expelido por plágio. Foi a “nuestros hermanos”, voltou registado e passou a director e administrador de empresa de meios estaduais. Ainda vai a ministro da educação. Ou das finanças.
Os “camaradas” batem nas costas uns dos outros e solidarizam-se. Por esta e muitas outras é que ficámos em nevoeiro. Sem rei nem lei.
Depende tudo da interpretação autêntica que dela faz o príncipe, o velho, o novo que é velho e o novíssimo que é sempre o mesmo.
Economia “marca Salazar”. É sermos controlados pelo “tertium genus” da economia mística, de uma economia privada que não é economia de mercado e que, para evitar a concorrência, em nome dos centros de decisão nacional, estabelece um “gentleman’s agreement” com o príncipe, transformado em feitor das forças vivas.
Os donos do poder: a Sociedade Francisco Manuel dos Santos, o maior accionista da Jerónimo Martins, propôs o nome do economista António Borges para o conselho de administração da dona do Pingo Doce. O alto-comissário das privatizações será deslocalizado para a casa otomana, em Pristina, no Kosovo, entretanto rebaptizada como Horta Seca, utilizando o SMS para contactos com o primeiro-ministro.
Eles sabem tudo e não deixam nada para a comissão parlamentar de inquérito às relações sérvio-albanesas.
Defesa e segurança “marca Salazar” é desfilarem um quarto de hora antes de estarmos mortos, dizendo que ainda temos um quarto de hora de vida. Na altura ainda não havia a geração viagra.
Há muitos Portugais, ao mesmo tempo, dentro de nós e à nossa volta
Há muitos Portugais, ao mesmo tempo, dentro de nós e à nossa volta. O do discurso do ministro Álvaro, em São Bento, e das farpas que ele decidiu cravar no PS, esse soa a esquizofrenia do país oficial. O da mensagem de Otelo e das reacções que, mesmo aqui, tivemos, carregado da alma que envolveu a minha história do presente tem a ver com outras funduras, as nossas, as que os financeiros das grandes consultadorias, das eurocracias e da geofinança nem sequer imaginam. Mas, como dizia o outro, há vinte e cinco séculos, para além da inteligência e da vontade, há outra potência da alma: a imaginação. E as nações todas são mistérios. Também a nossa, plenas desses nadas que são tudo. Ainda sou fiel ao sonho dos capitães de Abril que foram capitães de Novembro. Para bom compreendedor, está tudo dito.
Uma intrincada rede neofeudal de enfraquecidos que pedem protecção e de incompetentes que os protegem
Há psicopatas sentenciadores que já foram carrascos e, depois, acabaram promovidos a chefes das repressivas, mas que, restaurados pelo revisionismo, continuam a espatifar-nos, fazendo as derradeiras patifarias. A madeira de eucalipto que nos desertificou ainda continua a flutuar. Serve de jangada para os náufragos que nos decadentizam.
Há quem leia coisas diversas do motivo que me levou a postar em categoria, isto é, em geral e abstracto. Sinal que a besta tem muitas cabeças, mas não é hidra. Cresce da realidade, a partir dos nossos fantasmas e preconceitos. E basta soprarmos em coragem, para que estes medos se dissipem. Que peçam a demissão, ou sejam demitidos. Há primavera na rua, libertem-nos! Porque até os cemitérios estão cheios de insubstituíveis…
O erário público continua a alimentar muitas feiras de vaidades e uma intrincada rede neofeudal de enfraquecidos que pedem protecção e de incompetentes que os protegem, todos conjugando a lealdade em vez da competência. Isto é, o exacto contrário de Estado racional-normativo, pós-carismático e pós-patrimonialista. A este atavismo chama-se decadência.
Demagogia e populismo
Eu sei perfeitamente o que alguns entendem por demagogia e populismo: são aquelas coisas que, há uns anos, serviam para os mesmos denegrirem publicamente quem, denunciando-as, tinha razão antes do tempo. Agora que as mesmas coisas já são subscritas pelo pensamento dominante, elas já não são demagogia nem populismo. Demagogia e populismo são aquelas coisas que os fabricantes mentais do situacionismo ainda não admitem. Os que só sabem fazer prognósticos depois do fim do jogo. Por alguma razão eles são bem pagos por quem manda e censura. Felizmente, não nos lêem. Porque não sabem ler aqueles que detestam. Preferem papagaios que os engraxem.
O estadão é um estado de espírito que se produz a si mesmo
Só comentaria remodelações se estas fossem como as dos ministros da Dilma. Já passei a contagem para a segunda mão, mas ela continua em reforçado estado de graça. Aqui é só cooperação estratégica com Belém e os consequentes pronunciamentos declaratórios.
O estadão é um estado de espírito que se produz a si mesmo, através de um interacção circular e fechada, onde há um mero código binário onde os conservadores do que está monopolizam a ideia de reforma e de avaliação das próprias excrescências donde brotaram, numa clausura auto-reprodutiva. Quem lhe põem em cima vai fazer, de cima para baixo, o que fez em baixo. E quem o assume como paradigma, mesmo que esteja muito acima, continua a pensar baixinho. Nem vale a pena recordar. O que é óbvio não precisa de ser demonstrado. Precisamos é de extinguir o centro do foco que nos contamina.
Fico com azia quando ouço notícias sobre a nomeação em exclusividade de hierarca dos partidos do situacionismo para as directorias que restam. Não que o anterior situacionismo não tivesse feito o mesmo. Mas porque o actual situacionismo foi eleito precisamente porque prometeu acabar com o “spoil system”. Não tarda que numa operação de cosmética faça uma qualquer nomeação de sujeitos do anterior situacionismo para qualquer coisa. Naturalmente, vão escolher um qualquer que no antes escolheu alguns dos que estão. Era mais justo formalizarem o “spoil system”. Ficava mais barato. E não fingiam que o Estado era “racional-normativo”, onde a competência substituiria os valores feudais da lealdade. Só os parvos é que votaram neste mais do mesmo. Eu já fui parvo.
Começo a sentir necessidade de um qualquer movimento cívico ou político que consiga cumprir aquilo que promete, no âmbito da minha concepção do mundo e da vida. Não me obriguem a ter de votar em Louçã ou em Jerónimo!
Há coisas que irritam mesmo o sistema. Nomeadamente quando lhe pomos um espelho à frente. E eles se miram. Marram logo.
Náufrago, depois de afundar o navio que ele comandava, quando o fez aproximar do seu quintal, diz, agora, que está farto da marinha mercante e de cruzeiros. Diz que tem carta de piloto e que vai mudar de ramo, ascendendo a pára-quedista. Há quem se fie na virgem e reze para que chova. Eu apenas lhe ofereço um Zé povinho feito com os detritos que ele provocou.